Isso
nos leva ao primeiro fato sobre GYPSYs:
GYPSYs são ferozmente ambiciosos
O
GYPSY precisa de muito mais de sua carreira do que somente um gramado verde de
prosperidade e estabilidade. O fato é, só um gramado verde não é lá tão único e
extraordinário para um GYPSY. Enquanto seus pais queriam viver o sonho da
prosperidade, os GYPSYs agora querem viver seu próprio sonho.
Cal Newport aponta que “seguir seu sonho” é uma frase que só apareceu
nos últimos 20 anos, de acordo com o Ngram Viewer, uma ferramenta do Google que
mostra quanto uma determinada frase aparece em textos impressos num certo
período de tempo. Essa mesma ferramenta mostra que a frase “carreira estável”
saiu de moda, e também que a frase “realização profissional” está muito
popular.
Para
resumir, GYPSYs também querem prosperidade econômica assim como seus pais – eles
só querem também se sentir realizados em suas carreiras, uma coisa que seus
pais não pensavam muito.
Mas outra coisa está acontecendo. Enquanto os objetivos de carreira da
geração Y se tornaram muito mais específicos e ambiciosos, uma segunda ideia foi
ensinada à Ana durante toda sua infância:
Este
é provavelmente uma boa hora para falar do nosso segundo fato sobre os GYPSYs:
GYPSYs vivem uma ilusão
Na
cabeça de Ana passa o seguinte pensamento: “mas é claro… todo mundo vai ter uma
boa carreira, mas como eu sou prodigiosamente magnífica, de um jeito fora do
comum, minha vida profissional vai se destacar na multidão”. Então se uma
geração inteira tem como objetivo um gramado verde e com flores, cada indivíduo
GYPSY acaba pensando que está predestinado a ter algo ainda melhor:
Um
unicórnio reluzente pairando sobre um gramado florido.
Mas
por que isso é uma ilusão? Por que isso é o que cada GYPSY pensa, o que põe em
xeque a definição de especial:
es-pe-ci-al | adjetivo
melhor, maior, ou de algum modo
diferente do que é comum
De
acordo com esta definição, a maioria das pessoas não são especiais, ou então
“especial” não significaria nada.
Mesmo
depois disso, os GYPSYs lendo isto estão pensando, “bom argumento… mas eu
realmente sou um desses poucos especiais” – e aí está o problema.
Uma outra ilusão é montada pelos GYPSYs quando eles adentram o mercado
de trabalho. Enquanto os pais da Ana acreditavam que muitos anos de trabalho
duro eventualmente os renderiam uma grande carreira, Ana acredita que uma
grande carreira é um destino óbvio e natural para alguém tão excepcional como
ela, e para ela é só questão de tempo e escolher qual caminho seguir. Suas
expectativas pré-trabalho são mais ou menos assim:
Infelizmente,
o mundo não é um lugar tão fácil assim, e curiosamente carreiras tendem a ser
muito difíceis. Grandes carreiras consomem anos de sangue, suor e lágrimas para
se construir – mesmo aquelas sem flores e unicórnios – e mesmo as pessoas mais
bem sucedidas raramente vão estar fazendo algo grande e importante nos seus
vinte e poucos anos.
Mas
os GYPSYs não vão apenas aceitar isso tão facilmente.
Paul
Harvey, um professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, e
expert em GYPSYs, fez uma pesquisa onde conclui que a geração Y tem
“expectativas fora da realidade e uma grande resistência em aceitar críticas
negativas” e “uma visão inflada sobre si mesmo”. Ele diz que “uma grande fonte
de frustrações de pessoas com forte senso de grandeza são as expectativas não
alcançadas. Elas geralmente se sentem merecedoras de respeito e recompensa que
não estão de acordo com seus níveis de habilidade e esforço, e talvez não
obtenham o nível de respeito e recompensa que estão esperando”.
Para
aqueles contratando membros da geração Y, Harvey sugere fazer a seguinte
pergunta durante uma entrevista de emprego: “Você geralmente se sente superior
aos seus colegas de trabalho/faculdade, e se sim, por quê?”. Ele diz que “se o
candidato responde sim para a primeira parte mas se enrola com o porquê, talvez
haja um senso inflado de grandeza. Isso é por que a percepção da grandeza é
geralmente baseada num senso infundado de superioridade e merecimento. Eles são
levados a acreditar, talvez por causa dos constantes e ávidos exercícios de
construção de auto-estima durante a infância, que eles são de alguma maneira
especiais, mas na maioria das vezes faltam justificativas reais para essa
convicção”.
E como o mundo real considera o merecimento um fator importante, depois
de alguns anos de formada, Ana se econtra aqui:
A
extrema ambição de Ana, combinada com a arrogância, fruto da ilusão sobre quem
ela realmente é, faz ela ter expectativas extremamente altas, mesmo sobre os
primeiros anos após a saída da faculdade. Mas a realidade não condiz com suas
expectativas, deixando o resultado da equação “realidade – expectativas =
felicidade” no negativo.
E
a coisa só piora. Além disso tudo, os GYPSYs tem um outro problema, que se
aplica a toda sua geração:
GYPSYs estão sendo atormentados
Obviamente,
alguns colegas de classe dos pais da Ana, da época do ensino médio ou da
faculdade, acabaram sendo mais bem-sucedidos do que eles. E embora eles tenham
ouvido falar algo sobre seus colegas de tempos em tempos, através de
esporádicas conversas, na maior parte do tempo eles não sabiam realmente o que
estava se passando na carreira das outras pessoas.
A
Ana, por outro lado, se vê constantemente atormentada por um fenômeno moderno:
Compartilhamento de Fotos no Facebook.
As redes sociais criam um mundo para a Ana onde: A) tudo o que as outras
pessoas estão fazendo é público e visível à todos, B) a maioria das pessoas
expõe uma versão maquiada e melhorada de si mesmos e de suas realidades, e C)
as pessoas que expôe mais suas carreiras (ou relacionamentos) são as pessoas
que estão indo melhor, enquanto as pessoas que estão tendo dificuldades tendem
a não expor sua situação. Isso faz Ana achar, erroneamente, que todas as outras
pessoas estão indo super bem em suas vidas, só piorando seu tormento.
Então
é por isso que Ana está infeliz, ou pelo menos, se sentindo um pouco frustrada
e insatisfeita. Na verdade, seu início de carreira provavelmente está indo
muito bem, mas mesmo assim, ela se sente desapontada.
Aqui
vão meus conselhos para Ana:
1) Continue ferozmente ambiciosa. O
mundo atual está borbulhando de oportunidades para pessoas ambiciosas
conseguirem sucesso e realização profissional. O caminho específico ainda pode
estar incerto, mas ele vai se acertar com o tempo, apenas entre de cabeça em
algo que você goste.
2) Pare de pensar que você é especial. O
fato é que, neste momento, você não é especial. Você é outro jovem profissional
inexperiente que não tem muito para oferecer ainda. Você pode se tornar
especial trabalhando duro por bastante tempo.
3) Ignore todas as outras pessoas. Essa
impressão de que o gramado do vizinho sempre é mais verde não é de hoje, mas no
mundo da auto-afirmação via redes sociais em que vivemos, o gramado do vizinho
parece um campo florido maravilhoso. A verdade é que todas as outras pessoas
estão igualmente indecisas, duvidando de si mesmas, e frustradas, assim como
você, e se você apenas se dedicar às suas coisas, você nunca terá razão pra
invejar os outros.
Fonte:
http://demografiaunicamp.wordpress.com/2013/10/30/porque-os-jovens-profissionais-da-geracao-y-estao-infelizes/
do texto em inglês: http://www.waitbutwhy.com/2013/09/why-generation-y-yuppies-are-unhappy.html