Investir não é tarefa simples. Quem investe em
renda fixa escolhe primeiro a quem vai confiar seu rico dinheirinho. Depois
negocia as condições de liquidez e a remuneração da aplicação. Investimentos em
renda variável são mais complexos e exigem outro tipo de conhecimento para
decidir a hora de comprar ou vender esta ou aquela ação.
Se você se identifica com essa dificuldade e acaba
deixando o dinheiro na poupança, investir em fundo de investimento pode ser uma
saída. Você fará duas escolhas: o gestor e o fundo cuja política de
investimento se aproxima da sua.
Quem adere a um fundo de investimento contrata o
serviço de um especialista. O regime é de melhores esforços, ou seja, ele fará
o melhor que puder. E o regulamento do fundo diz o que ele pode e não
pode fazer com seu dinheiro.
RISCO
O risco de ganhar ou perder vem dos ativos que
compõem a carteira e do contexto econômico que influencia o preço deles. E há o
risco, menor, diga-se de passagem, de o gestor
fazer operações não autorizadas.
GARANTIA
As aplicações em fundo de investimento não são
garantidas pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos). O contrato entre
administrador e cotista é de prestação de serviço e não há o que garantir. Se o
emissor de um dos ativos da carteira quebrar, o FGC pagará ao fundo (e não aos
cotistas) a garantia de R$ 250 mil.
RENTABILIDADE
Quem investe em fundos não sabe quanto vai ganhar.
Tem expectativa de ganho em razão da política de investimento do fundo. Os
ganhos (e perdas) são 100% repassados aos cotistas. A rentabilidade passada é
útil para observar a competência da gestão, e não para escolher o
"melhor" fundo para investir.
CUSTOS
O serviço é pago pela taxa de administração,
expressa em % ao ano, calculada sobre o patrimônio, qualquer que seja o
desempenho do fundo, sendo descontada diariamente no valor da cota. Assim, a
rentabilidade divulgada é líquida dos custos de administração, mas bruta do IR.
A taxa tende a ser tanto maior quanto menor for o
valor mínimo de aplicação. O pequeno investidor acaba pagando taxa muito
elevada, mas pode mudar de fundo assim que acumular mais dinheiro. Evite pagar
acima de 1% ao ano nos fundos de renda fixa e 2% ao ano nos demais.
Taxa de performance pode ser cobrada ou não, apenas
quando o administrador supera determinada meta. É mais comum nos fundos
multimercado e de ações. Exemplo: 20% sobre o que exceder a variação da taxa
DI.
TIPOS
São muitos os tipos de fundo disponíveis, desde o
mais simples, como o DI, passando pelo multimercado, que investe em diversas
classes de ativos, chegando aos mais sofisticados, que podem investir em
derivativos e ativos negociados no exterior. Pesquise bastante antes de
investir para encontrar um fundo cujo objetivo de investimento e perfil de
risco sejam compatíveis com o seu.
VOLATILIDADE
O valor da cota do fundo muda todos os dias,
refletindo o valor de mercado dos ativos da carteira. Esse mecanismo garante o
preço justo, assegurando que quem compra ou resgata cotas não paga ou recebe
nem mais nem menos do que vale.
TRIBUTAÇÃO
O rendimento dos fundos de ações paga 15% de
Imposto de Renda no resgate. Os demais pagam entre 22,5% e 15%, conforme o
prazo. A má notícia é que o IR é cobrado semestralmente, pelo mecanismo de
come-cotas, antes mesmo que os ganhos entrem no seu bolso.
ALERTAS
Não baseie sua escolha em rentabilidade passada,
ela não garante a rentabilidade futura. Leia atentamente a lâmina do fundo
antes de aderir. Semelhante a uma bula de remédio, ela identifica a quem se
destina e expõe os riscos potenciais e seus efeitos colaterais, entre outros
alertas obrigatórios.
A atividade de gestão de recursos de terceiros
(você é o "terceiro") é regulada e fiscalizada pela CVM (Comissão de
Valores Mobiliários). Além de você, investidor, a CVM está de olho.
Marcia Dessen – Planejadora financeira pessoal,
diretora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros e
autora de 'Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro'.
Fonte: coluna jornal FSP