Até 30% dos atuais empregados do setor bancário podem perder os
seus postos de trabalho para novas tecnologias nos próximos dez anos, segundo
projeções do Citigroup.
Um relatório de 112 páginas intitulado “Perturbação Digital”,
escrito por sete analistas e estrategistas do Citi, prevê que esses empregos
serão perdidos para start-ups do setor financeiro (as chamadas “fintech”), como
aquelas que disponibilizam crédito, como a SoFi, e intermedeiam pagamentos,
como o PayPal.
O relatório, divulgado no final de março, dizia que o número de
empregados em bancos americanos cairia de 2,6 milhões de pessoas no ano passado
(e 2,9 milhões antes da crise financeira) para 1,8 milhão até 2025. Uma queda
ainda mais acentuada, de 37%, é prevista no caso dos bancos europeus.
O estudo do Citigroup é a mais recente análise a apontar para
grandes mudanças no setor financeiro nos próximos anos.
Além das novas start-ups de tecnologia financeira, os bancos
estão sendo obrigados a cortar mão de obra e automatizar suas operações em
decorrência da volatilidade dos mercados e das novas regulamentações que se
tornaram corriqueiras desde a crise financeira.
Os analistas do Citigroup apontaram para incertezas inerentes ao
projetar uma retração do setor financeiro. Muita gente se lembra de quando, na
década de 1990, Bill Gates disse que os bancos eram “dinossauros” que seriam
substituídos por novos softwares —previsão que acabou se revelando errônea, em
grande parte por causa das restrições regulatórias à entrada de novos agentes
no setor financeiro.
No entanto, o novo relatório observou que as start-ups “fintech”
atraíram um investimento recorde nos últimos cinco anos. Em 2015, foram US$ 19
bilhões. Cinco anos antes, o valor investido foi de apenas US$ 1,8 bilhão.
Segundo o relatório, as novas tecnologias decolaram na Ásia,
especialmente na China, onde agentes financeiros impulsionados pela tecnologia
já se tornaram dominantes.
Na China, a maioria dos pagamentos on-line é mediada por agentes
não bancários, como o Tenpay e o Alipay.
O relatório do Citigroup informa que o Alipay teve no ano
passado 3,3 vezes mais volume de pagamentos do que seu congênere americano mais
destacado, o PayPal. O crédito entre particulares, que ocorre à margem do setor
bancário, também cresceu na China. Esses credores concederam quatro vezes mais
empréstimos na China no ano passado do que empresas que agenciam esse mesmo
serviço nos EUA.
As novas tecnologias financeiras avançam lentamente nos EUA. Mas
o relatório do Citigroup observa que há sinais de aceleração, com mais espaço
para o crescimento de recém-chegados. Os analistas estimam que, no caso do
crédito pessoal, dos pagamentos digitais e da gestão financeira, os novos
agentes devem obter até 13% do mercado nos próximos cinco anos.
Nathaniel Popper – jornalista do New York Times
Fonte: suplemento do jornal FSP