O
ano está perto do fim, mas o mundo da inteligência artificial (IA) segue
apresentando novidades. Na última semana, o Google lançou sua nova IA, a Meta
e a IBM se aliaram para promover o desenvolvimento aberto de IA e a União
Europeia chegou a um acordo para regular a tecnologia.
Com
tanta coisa acontecendo, o colunista Diogo Cortiz, de Tilt, separou as três
principais disputas para entender como será o mundo da IA em 2024.
Google Gemini: o que
vem depois?
O
Google lançou o Gemini, seu maior seu maior e mais capaz modelo de IA, que
vem em três diferentes versões: Ultra, Pro e Nano. Mas, a Ultra só chega ao
mercado no ano que vem e promete acirrar ainda mais a competição entre Google
e OpenAI.
Foi
a versão Ultra do Gemini que surpreendeu nos principais benchmarks de IA -
conjunto de testes utilizados para avaliar os desempenhos dos modelos em
diferentes tarefas. A nova IA do Google foi melhor do que o ChatGPT em 30 dos
32 testes. E foi a primeira vez que uma IA atingiu a nota de 90%, maior do
que os humanos especialistas, no teste MMLU, que combina conhecimentos de 57
assuntos, que variam de matemática e física a história, medicina e ética.
Apesar
do Google ter conseguido bater o ChatGPT nesses testes, a diferença é muito
pequena. Por isso, Cortiz acredita que podemos estar chegando no pico da
capacidade desses modelos baseados na arquitetura de redes neurais chamadas
Transformers (que também é utilizada pelo ChatGPT) e que são a base dos
Modelos de Linguagem.
Em
2024, a competição será para ver quem consegue integrar melhor novas técnicas
e abordagens de aprendizado para a IA. Só que a competição desta vez será
diferente, porque Google e OpenAI estão se fechando e divulgando cada vez
menos do que estão pesquisando e desenvolvendo.
IA de código aberto:
uma resposta do resto do mundo?
O
movimento de código aberto (open source) promete ser um importante contrapeso
para essa decisão de algumas Big techs de focar em IA fechada e proprietária.
A
Meta foi uma das primeiras empresas de tecnologia de peso a apostar no modelo
de código aberto. Para fortalecer o ecossistema de código aberto, a empresa
de Zuckerberg, junto com a IBM e outros 50 parceiros, lançaram na semana
passada a "The AI Alliance", uma aliança para promover o
desenvolvimento seguro e ético de uma IA aberta.
E
mesmo fora dos Estados Unidos, o movimento de código aberto vem sendo
importante para incentivar o desenvolvimento e uso da IA em países que ainda
estão atrás nessa corrida. É o caso da França.
Na
semana passada, a startup francesa Mistral publicou o seu modelo de IA que é
um marco para a Europa.
É
a primeira vez na história mais recente da IA que vemos uma startup fora dos
EUA e China chamar a atenção da comunidade global com um modelo promissor. A
tendência para 2024 é que o movimento de código aberto se fortaleça e seja
uma resposta aos modelos fechados das Big techs, especialmente em países em
desenvolvimento.
AI ACT na União
Europeia: vamos precisar de uma regulação global?
Na
semana passada, a União Europeia finalizou um acordo histórico para
estabelecer um conjunto de regras para o uso e desenvolvimento de IA. Chamada
de "AI ACT", a proposta estabelece um marco regulatório a partir de
uma abordagem baseada em risco. Isso quer dizer que não existe uma única
regra que vale para todos os sistemas de IA, mas que cada um será avaliado e
regulado com base no risco que representa para a sociedade e os indivíduos.
Para
Cortiz, a regulação de IA precisa de um debate mais profundo para detalhar
como alguns direitos e deveres funcionam de forma prática e técnica, mas o
colunista gosta da abordagem baseada em riscos.
O
pacto foi concluído na sexta-feira, e a lei europeia ainda não entrou em
vigor. O Parlamento Europeu precisa aprovar o acordo em plenário, o que está
previsto para ocorrer no início de 2024.
O
tema da regulação se tornará cada vez mais central nas discussões globais. À
medida que 2024 se aproxima, podemos esperar que este tópico se estabeleça
como uma prioridade na agenda de diversos governos e organizações
internacionais - para alegria de uns e desespero de outros.
|