Os mercados financeiro e de
capitais podem ser considerados dos jogos de maior risco. Em um período de
tantas incertezas pelo qual a humanidade passa, mitigar riscos diante de
operações complexas e dinâmicas que envolvem grandes somas é questão de
sobrevivência. E, se é consenso que o grande patrimônio deste século são os dados,
a disponibilidade dos mesmos bem como a sua capacidade de análise para suportar
as decisões de negócios nos momentos adequados são essenciais para garantir a
sobrevivência.
O crescimento exponencial do volume
de dados transacionais entre as instituições financeiras configura o cenário
característico do Big Data que não para de aumentar em proporções gigantescas a
todo instante. O processamento de informações em tempo real alinhado às
necessidades de operações de analíticos avançados, machine learning e
inteligência artificial são alguns dos recursos que definem como os gestores e
a área de tecnologia posicionarão suas companhias para suportar as demandas
previstas e as inesperadas com a máxima competitividade possível.
Essas abordagens tecnológicas auxiliam
a tomada de decisões críticas para o negócio, que precisam ser rápidas e ágeis.
Caso contrário, não será possível suportar a interação com um cliente em tempo
real ou uma avaliação de crédito ou buscar posições rentáveis e seguras no
mercado de capitais, por exemplo. Com a digitalização dos processos e o aumento
exponencial das informações relevantes para a tomada de decisão, as
organizações necessitam ser capazes de utilizar, processar e analisar
prontamente todas as informações disponíveis conforme os requerimentos dos
negócios.
As incertezas do novo normal, a
necessidade de digitalização dos processos, a volatilidade no mercado de
capitais, as implementações do open banking e do PIX estão
criando um cenário de negócios para o setor financeiro onde o dinamismo e a
agilidade das organizações na resposta serão fundamentais. Cada vez mais as
interfaces utilizadas pelos clientes estão em apps de
dispositivos móveis, cuja infraestrutura de suporte para as aplicações tem que
estar preparada para as novas exigências de clientes e do ecossistema.
O momento atual ilustra o que
estamos falando. O governo federal e um dos grandes bancos estatais enfrentam
um grande desafio no pagamento do auxílio emergencial para a população
vulnerável em virtude da pandemia. A quantidade de pagamentos nos dias de pico
superou 20 mil transações por segundo. O governo dos Estados Unidos sofreu o
mesmo problema para o pagamento de uma quantidade inesperada de solicitações de
seguros desemprego no início da pandemia, obrigando-os a buscar profissionais
de uma tecnologia antiga em caráter de urgência.
Acredito que o primeiro passo para
as organizações acompanharem essa agitação é adotarem plataformas ágeis,
inovadoras e flexíveis para a gestão e processamento de dados. Uma plataforma com
essas características suporta a carga de trabalho das aplicações transacionais
e analíticas. A capacidade de integrar dados de fontes heterogêneas em uma
linguagem única, que possibilite a criação de aplicações inovadoras, faz toda a
diferença nesse contexto. É a ferramenta principal para suportar a verdadeira
transformação digital – uma mudança dos processos de negócios alinhada às novas
demandas.
Muitas das aplicações atuais exigem
grande produtividade e alto desempenho no acesso simultâneo a dados, como as
utilizadas para serviços financeiros. Para isso, as plataformas de dados
tradicionais monolíticas, com armazenamento em unidades de disco, se mostram
lentas para o desempenho e a velocidade de acesso. Torna-se praticamente
impossível acompanhar a quantidade de informações geradas sem o auxílio de uma
tecnologia sofisticada.
A plataforma de dados tem de ser
uma solução de altíssima performance, ágil, escalável, disponível em qualquer
ambiente (on-premise/cloud/híbrida) e que proporcione uma
arquitetura de aplicações desacopladas permitindo a total interoperabilidade
dos serviços disponíveis no ambiente. Sem isso, não será possível absorver
satisfatoriamente a rotina imposta pelo modelo de open banking e
seu requerimento para exposição de todos os serviços financeiros, além da
contratação deles a partir de qualquer ponto de entrada – produtos e serviços
de fintechs, por exemplo.
Cada vez mais as áreas de TI,
negócios e inovação, bem como as correlatas, terão que trabalhar de forma muito
coesa e assertiva para responder às demandas no “time to market”
apropriado. Para que tudo isso aconteça, além de tudo o que falamos, será
necessária muita criatividade. E o caminho se inicia na tecnologia que libere a
capacidade humana para criar.
Odilon Almeida - executivo responsável pelo mercado financeiro da
InterSystems no Brasil