Vale a pena pagar o INSS?


Vale a pena pagar o INSS?

Com as incertezas levantadas pela reforma da previdência de 2019 e a elevação da dívida pública depois da pandemia, muitos começaram a se questionar sobre a validade em se pagar o chamado Carnê do INSS.

Apesar desta contribuição ser facultativa apenas aos profissionais liberais e autônomos, a discussão é válida para que todos entendam o tamanho do benefício que os contribuintes possuem.

Não me prenderei a todos os detalhes para tentar focar no entendimento do que é mais provável que o beneficiário se utilize.

Quando se fala em INSS, muitos pensam apenas em aposentadoria por tempo de contribuição ou idade. 

No entanto, os benefícios vão além destes: aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, pensão por morte, salário-maternidade, dentre outros.

Como mencionei, vou restringir a análise e me fixar apenas nos benefícios de aposentadoria por idade e por invalidez.

Farei todos os cálculos com base no salário-mínimo atual de R$ 1.100,00, mas o mesmo raciocínio vale para as faixas superiores bastando fazer a proporção.

Imagine um profissional autônomo que esteja em dúvida sobre a validade do pagamento. Considere que ele possua 35 anos de idade e por ser do sexo masculino, deva se aposentar por idade aos 65 anos.

Neste caso, ele pagará mensalmente, por 30 anos, a chamada Guia da Previdência Social (GPS). 

O valor da contribuição é de 20% do salário. Portanto, ele tem de pagar R$ 220 mensais ao INSS.

Primeiro avaliarei em que condição os R$ 220,00 por mês seriam suficientes para uma renda de R$ 1.100,00 ao se aposentar, se este valor fosse direcionado para uma aplicação financeira.

Assim, considere que o contribuinte decida por guardar o mesmo valor em uma aplicação que renda acima da inflação o equivalente a 3% ao ano líquido de IR. 

Esta é a rentabilidade atual de um título público federal referenciado ao IPCA de 30 anos.

Ao final dos 30 anos de investimento, este autônomo teria acumulado o total de R$ 127,3 mil a valores de hoje. Lembrar que o cálculo está sendo feito apenas com o juro real.

A grande questão é: Com este montante, por quantos anos ele conseguiria ter uma renda equivalente ao salário-mínimo?

Considerando o mesmo rendimento líquido e real de 3% ao ano, um montante de R$ 127,3 mil seria suficiente para cobrir menos de 12 anos de uma renda de R$ 1,1 mil.

Portanto, considerando apenas a aposentadoria por idade, o INSS parece ser interessante.

Mas também deve ser considerada a questão da aposentadoria por invalidez. Neste caso, considere o mesmo indivíduo do exemplo.

Assuma que ele deseja fazer um seguro de invalidez por acidente e invalidez funcional por doença. Considere que a partir do acionamento do seguro ele deseje ter a renda de um salário-mínimo por 40 anos.

Neste caso, ele deveria pagar um seguro que custa aproximadamente R$ 40 por mês.

Perceba que dentro do valor do INSS já está incluso este benefício.

Assim, se você considerasse apenas este benefício, o valor que sobraria como contribuição para sua aposentadoria privada seria ainda mais reduzido.

Portanto, respondendo à pergunta central, vale a pena pagar o INSS. E perceba que só considerei dois dos benefícios.

Entretanto, agora se chega a outra questão fundamental.

Se o INSS tem tantas vantagens, como é que a conta fecha?

Claramente este modelo não é sustentável e precisará ser revisto novamente no futuro. Então a incerteza reside sobre qual modelo você estará sujeito quando se aposentar.

Michael Viriato - assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investido

Fonte: coluna jornal FSP

Tel: 11 5044-4774/11 5531-2118 | suporte@suporteconsult.com.br