Invista seu dinheiro com base na expectativa de
rentabilidade futura
Rentabilidade
passada engana.
Quem observa a evolução da taxa CDI anual dos
últimos anos constata uma queda consistente e continuada desse indicador
financeiro.
Em 2016, o CDI acumulou 14%, em 2017, 9,93%, e seguiu caindo até
registrar 2,76%, em 2020.
Fácil entender a decepção dos investidores
acostumados a ganhar rentabilidade atrativa no mercado de renda fixa, sem
correr riscos maiores para tentar ganhar um pouco mais.
A rentabilidade da poupança e dos depósitos bancários
decepcionou quando comparada com a dos anos anteriores.
O
desempenho dos fundos de investimento refletiu esse declínio, já que mesmo os
que investem parte do patrimônio em ações, juros, câmbio e ativos
internacionais mantêm boa parte da carteira em ativos de taxa
Ao longo de 2020, quando a Selic estacionou no
patamar de 2% ao ano, muitos investidores saíram da renda fixa em busca de
melhor rentabilidade.
O mercado de renda variável, os ativos dolarizados e
internacionais, apesar de muito voláteis em razão dos impactos da pandemia na
economia, proporcionaram rentabilidade competitiva aos fundos multimercado, por
exemplo.
A elevação da inflação, entre outros fatores, forçou a
rápida elevação da taxa Selic, que sai do patamar de 2%, em
fevereiro, devendo atingir ao redor de 7,5% em dezembro deste ano, segundo o
relatório Focus do Banco Central.
Observar a rentabilidade passada das diversas
aplicações não será de nenhuma serventia. Ainda não sabemos qual será a
variação acumulada do CDI em 2021, mas, sem chance de errar, podemos afirmar
que será maior, muito maior do que a apurada em 2020.
O desempenho dos fundos que investem em ativos atrelados a
índice de inflação também será muito diferente do registrado no
passado em razão de duas variáveis, o índice de inflação propriamente dito, que
subiu bastante, e a taxa de juros prefixada que compõe a remuneração desses
ativos.
Esses ativos perdem valor quanto a taxa de juros sobe, trajetória de
2021, e ganham valor quando a taxa de juros cai, como aconteceu em anos
anteriores.
O Ibovespa, que mede o desempenho das ações mais
negociadas no mercado, teve um desempenho inquietante.
Quem não tinha dinheiro investido nesse mercado e
observa somente a valorização de 2,92% acumulada em 2020 pode pensar que o
mercado acionário teve um ano tranquilo, com desempenho ligeiramente superior
ao do CDI.
Entretanto, vai se surpreender com as máximas e
mínimas mensais registradas durante o ano. Em março, queda de 29,90%, e, em
novembro, alta de 15,90%.
Em 2021, a gangorra continua e o Ibovespa acumula
perda de 0,48% até agosto.
A cotação do dólar também navegou por águas
turbulentas, acumulando alta de 19,36% em 2020, quando atingiu a cotação de R$
5,90, em 12 de maio.
Mais calmo, apesar da volatilidade, a previsão é que a
cotação do dólar esteja ao redor de R$ 5,10 no fim de 2021.
O mercado de fundos imobiliários é outro exemplo de
como a rentabilidade passada pode enganar.
Em cinco anos, o índice acumula
valorização de 54%; em três anos, alta de 27,96%, e provavelmente atraiu muitos
investidores em busca de rentabilidade superior à do tradicional mercado de
renda fixa.
Entretanto, o mercado imobiliário foi um dos
segmentos mais afetados pela pandemia, especialmente no setor de lajes
corporativas e grandes centros comerciais. Em 12 meses, acumula rentabilidade
negativa de 2%.
A moral da história é que a rentabilidade passada
não é um bom parâmetro para tomar decisões de investimentos. A expectativa de
rentabilidade futura é melhor conselheira.
MARCIA
DESSEN - Planejadora
financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O
Que Fazer com Meu Dinheiro”.