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A “geração Z” é aquela nascida entre 1996 e 2010, após a do milênio.
É uma garotada que não quer trabalhar cortando a grama durante o verão. Querem mais é abrir uma “startup”, porque veem nas redes sociais empresas dando certo instantaneamente e jovens iguais a eles, de repente, virando milionários.
Eles preferem ter experiências a adquirir um carro, um apartamento ou bens materiais. São extremamente avessos a qualquer tipo de discriminação e são muito mais pragmáticos do que sonhadores.
A geração Z é escrupulosa, persistente, preocupada com privacidade e meio ansiosa. Acessa informação num piscar de olhos e perde o interesse com a mesma rapidez.
Em uma era de vídeos fugazes que duram poucos segundos no Vine e de fotos que somem num estalar de dedos no Snapchat, “dizemos aos anunciantes que se não se comunicarem em cinco palavras e com uma imagem grande, eles não falarão com essa geração”, afirma Dan Schawbel, sócio-diretor de uma consultoria de marketing em Nova York.
Como fazer então para que os membros mais velhos dessa turma, mal saídos do ensino médio, esses pré-adolescentes e adolescentes de hoje, se interessem pelo amanhã?
Vamos ver o que um desses garotos, na faixa de vinte e poucos anos nos diz? O guri demonstra conhecer o assunto. Ele sabe a importância de poupar e também sabe que o dinheiro do plano de previdência da sua empresa é investido no mundo a sua volta. Sente só:
Nossa poupança é investida nas marcas que compramos, nos edifícios onde trabalhamos e na infraestrutura que usamos. Basicamente, em todas as paradas importantes! Só que o setor de fundos de pensão se comunica com a gente de uma forma muito seca, pouco inspiradora e nada estimulante.
Por que não conseguimos engajar os jovens?
Faz de conta que você é da geração Z e dedica um momento do deu dia para se logar na plataforma do seu plano de previdência. Beleza … antes de mais nada, parabéns pelo interesse no seu futuro!
Então, na primeira tela que pipoca a sua frente, surge um lembrete para você atualizar o cadastro daqueles que receberão o benefício se você vier a morrer. Sentiu-se inspirado? Excitado? Vagamente animado?
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Planos de previdência são uma ótima maneira de
poupar, entregam retornos bem melhores do que se consegue obter nas cadernetas
de poupança, mas ainda assim são envoltos em mistério para as pessoas comuns,
ou seja, quase todo mundo.
Em nenhum outro setor os consumidores (todo mundo, de novo) se sentem tão
irrelevantes. A culpa pela falta de poupança previdenciária é toda colocada no
participante, que frequentemente é acusado de falta de cultura previdenciária,
imediatismo, praticamente uma causa perdida.
Então,
se você não se sente estimulado com a ideia de indicar alguém para receber seu
dinheiro,
caso você morra, qual a alternativa?
Se o exemplar da geração Z
que eu tenho em casa – tenho um filho de 17 anos – é um representante típico da
categoria, a maneira de atrair a atenção dele, realmente, teria que ser outra.
Imagine que ao invés do “pop up” anterior ele recebesse uma notificação, tipo:
“Você nos disse que se interessa por sustentabilidade. Sabe aquelas torres de
energia eólica que você vê no caminho para o trabalho? Investimos naquele
projeto com dinheiro das suas contribuições”.
Caramba! Pelo que eu conheço do Nikki, isso sim, seria atrativo.
Ajudar os participantes a enxergarem o impacto da poupança previdenciária deles
em nossas vidas faria com que muitos se sentissem realmente “donos” dos
investimentos. Quem sabe, até aumentassem suas contribuições.
A tecnologia melhora o tempo todo e com ela surgem inúmeros meios para nos
mantermos conectados e aprendermos. Ainda assim, o setor de previdência
complementar parece preso na idade das trevas.
Se quisermos que os jovens
vejam propósito em poupar o suficiente para terem uma aposentadoria descente,
deveríamos ter uma previdência complementar digital, acessível, inovadora e que
conectasse as pessoas emocionalmente com sua poupança de longo prazo, como algo
real e impactante.
Os baixos níveis de engajamento dos jovens
participantes dos planos de previdência corporativos de hoje, certamente estão
nos dizendo que a forma que o sistema está buscando atualmente para engajá-los,
não está funcionando.
A comunicação típica dos fundos de pensão ainda é legalista, carregada de
jargões e não consegue interagir emocionalmente com as pessoas, principalmente
os jovens.
Somente 19% dos trabalhadores no Reino Unido, por exemplo, dizem estar
satisfeitos com as estratégias atuais de comunicação do plano de previdência de
suas empresas. Você já perguntou o que pensam os seus jovens participantes?
As evidências sugerem que as pessoas se importam, sim, para onde seu dinheiro
está indo. Os participantes dos planos, geração Z à frente, estão
interessados no impacto de sua poupança no mundo a sua volta.
Em vários países europeus os fundos de pensão possuem políticas de
investimentos responsáveis (responsible investments) e oferecem
portfólios com aplicações que se preocupam com os riscos ambientais, sociais e
de governança (conceito de ESG – Environmental, Social and Governance).
Isso está alinhado com uma forte preocupação das gerações mais jovens de
participantes, com essas questões.
Os fundos deveriam pesquisar seus participantes para descobrir e entender suas
visões, como eles gostariam que seu dinheiro fosse investido, em que estão
interessados. Isso permitiria que os fundos se comunicassem com os
participantes de maneira que os engajasse.
Há uma oportunidade real de reposicionamento da comunicação e da imagem dos
fundos de pensão, que leve a um forte engajamento das centenas de jovens que
aderem a cada dia aos planos corporativos.
Para isso, a comunicação com os participantes não pode se limitar a um pacote
de boas vindas quando eles entram no plano, aos extratos periódicos mostrando
os saldos acumulados e aos relatórios anuais do fundo.
Em geral os fundos só vão se preocupar com o participante quando faltam 5 ou 10
anos para ele se aposentar. Além disso, é preocupante o fato de quase todos os
fundos se basearem em suas plataformas online como fonte primária de
informações para seus participantes.
Uma minoria de participantes acessa ativamente o website de seus fundos de
pensão, onde a maior parte das informações sobre o plano está disponível.
Novamente usando o Reino Unido como exemplo, lá, menos de 10% dos participantes
está cadastrada no website do fundo de pensão (variando de 2% a 20% dos
participantes).
Existe um espaço real para soluções digitais inovadoras na comunicação com os
participantes. Para se tetr uma idéia, mais da metade dos milênios, que é uma
geração anterior à geração Z, quer fazer seu planejamento financeiro em
seus smartphones.
Para obter um maior engajamento dos jovens, os fundos deveriam investir muito
mais em ferramentas digitais, como aplicativos para celular e comunicação de
mão dupla com seus participantes. A informação deveria estar mais disponível e
ser compartilhada via mídias sociais, permitindo que as pessoas buscassem
informação com colegas e amigos.
Aplicativos bem sucedidos como o Instagram e o Snapchat funcionam
compartilhando imagens. A poupança das pessoas voltada para previdência é
investida no mundo real e muitos desses investimentos poderiam ser associados à
imagens compartilháveis.
Fora do mundo da previdência complementar há inovações significativas sendo criadas
no campo das fintechs, insurtechs e cia, mostrando como os serviços financeiros
e seguros podem se tornar mais relevantes, disseminados e acessíveis.
Por que não trazer toda essa inovação para o campo da previdência complementar?
Eder Carvalhaes da Costa e Silva
- Principal Wealth – Expansion Leader da
MERCER
Fonte:
Adaptado do artigo “I Am 25 and I Want to Say Goodbye to Pensions of the Past”,
escrito por Lauren Peacock e do Relatório “Pensions for the Next Generation:
Communicating What Matters”, publicado pela ONG Inglesa ShareAction.