Como se vê na legislação de regência do regime fechado de
previdência complementar e nos estatutos das entidades que operam os planos de
benefícios, matérias mais importantes e que requerem visão estratégica e
holística são de competência de órgãos coletivos. Com isso, evita-se que um
indivíduo sozinho detenha nas mãos os rumos da entidade ou a decisão sobre a
solvência de planos de benefícios, para exemplificar.
Entretanto, nem sempre os colegiados – Conselho Deliberativo,
Diretoria Executiva, Conselho Fiscal – funcionam de forma adequada pelo fato de
terem a forma desenhada na legislação. Como consequência, nem sempre produzem
decisões também adequadas e alinhadas com os objetivos da entidade que
administram e fiscalizam. As razões são de diversas ordens.
Podemos falar de algumas delas que têm como causa o
comportamento do grupo ou comportamentos individuais, ou seja, dos membros que
compõem esses colégios.
Começando pelo fim. Nem sempre o nível o nível de qualificação
do grupo é homogêneo. Nem sempre, também, o grau de interesse e comprometimento
é o mesmo entre eles. Nessa hipótese, os menos qualificados os menos
comprometidos tendem a se influenciar e a se orientar ou adotar posições que
não são suas, mas daquele que mostra mais convicção (nem sempre isso quer dizer
conhecimento).
Outra situação: a omissão.
Pensando, mas não falando ou fazendo, alguns membros entendem
que evitam confronto ou não se comprometem, dando prioridade ao conforto
pessoal em detrimento do compromisso com a entidade e os planos de benefícios
que assumem ao aceitar o posto.
Outros comportamentos individuais poderiam ser mencionados, mas
o mais importante é lembrar que o comportamento do colegiado é reflexo do
comportamento dos seus membros, individualmente.
Conselho Deliberativo, Diretoria Executiva, Conselho Fiscal,
Comitês, Comissões sempre funcionam melhor e produzem melhores resultados e
decisões quando seus membros são qualificados, independentes e comprometidos
com os resultados das suas decisões.
Relembrando: governança corporativa é comportamento.
Aparecida Pagliarini – advogada, consultora de
entidades fechadas de previdência complementar, é membro das Comissões Técnicas
Nacional e Sudeste da Abrapp, sócia fundadora do escritório Pagliarini e
Morales Advogados Associados.
Fonte: blog Investidor Institucional