Estratégias da renda fixa


O que o investidor deve avaliar na hora de tomar decisões de investimento

O que é melhor: investir em Tesouro Prefixado, vencimento 1/2021, e ganhar juros de 7,90% ao ano, ou investir em Tesouro Selic, vencimento 3/2023, e ganhar 100% da taxa Selic, hoje no patamar de 6,25% ao ano?

Se engana quem acha que existe resposta óbvia para essa pergunta e se equivoca quem tenta comparar as duas aplicações. A diferença entre os dois títulos não é pequena, e a escolha de um ou do outro depende muito mais da expectativa em relação ao futuro do que um exercício matemático. Creio que o principal equívoco do investidor que desdenha o título que paga a taxa Selic é a presunção de que ganhará juros de 6,25% ao ano, já que é essa a atual taxa Selic. Se assim fosse, seria óbvia a preferência pelo título de taxa prefixada que paga 7,90%. 
Mas não é simples assim.


Notas de dinheiro sendo produzidas na Casa da Moeda, no Rio de Janeiro - Fernando

 Pós-fixada


O investidor que optar por aplicações de taxa pós-fixada, como o Tesouro Selic, ganhará a taxa Selic média do prazo compreendido entre a data de aplicação e a data de resgate ou venda do título. Não é possível antecipar qual será a rentabilidade, em termos absolutos. O investidor ganhará 6%, 7,5% ou 9% ao ano? O futuro dirá.

Por essa razão a rentabilidade é denominada pós-fixada, não é definida na data da aplicação. O que o investidor sabe, desde o início, é o percentual da taxa que lhe será paga, 100% no caso do Tesouro Selic.

Essa será a escolha do investidor cuja expectativa é a de elevação na taxa de juros, seja até o vencimento (2023), seja ao longo do período que pretende manter a aplicação. Será a escolha de quem acha que a taxa Selic média dos próximos três anos será superior a 7,90% ao ano, rentabilidade assegurada no título 
de taxa prefixada.

É a melhor opção também do investidor que precisa de liquidez e não pode correr o risco de desvalorização do título prefixado caso ocorra elevação na taxa de juros de mercado. Se precisar vender o título antes do vencimento, ganhará a taxa Selic média do período, sendo nula a hipótese de perder ou reduzir sua rentabilidade (100% da Selic).

Será a escolha de quem não tem expectativa alguma e não está disposto a apostar em cenário de queda de juros; prefere o cenário seguro e conservador de ganhar a taxa Selic média, seja ela qual for.

Prefixada


Diferentemente da taxa pós-fixada, o investidor sabe exatamente quanto vai ganhar, desde que esteja disposto a esperar a data de vencimento da operação, janeiro de 2021.

O investidor fará essa opção se estiver otimista em relação ao contexto político-econômico. Acredita que a Selic pode cair um pouco mais ou permanecerá estável nos próximos três anos. Assim, aposta que a rentabilidade de 7,90% ao ano será superior à Selic média entre a data da compra e a data do vencimento.

Como não precisa de liquidez, o investidor não pretende vender o título antes do vencimento. Está ciente de que, se houver alta dos juros, cenário no qual não acredita, o título se desvalorizará e comprometerá a estratégia de investimento.

Pré e pós


Que tal combinar os dois tipos de taxa em uma única aplicação? A remuneração do Tesouro IPCA+ tem os dois componentes: uma taxa pós-fixada que será conhecida só no vencimento ou na venda antecipada, a variação da inflação, medida pelo IPCA; mais uma taxa de juros prefixada que será paga no vencimento. 
A venda antes do vencimento será feita ao preço de mercado e a rentabilidade poderá ser maior ou menor do que a taxa contratada.
 

Marcia Dessen - planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora de 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'.

Fonte: jornal FSP

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