Idosos são alvos de fraudes
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São muitos os meios digitais que facilitam a
comunicação interpessoal. Por outro lado, também nos colocam em vitrines
públicas tão transparentes que nos tornam alvos de golpistas nada virtuais.
Dentre os alvos preferenciais destes criminosos
estão os idosos. Eles se aproveitam da boa-fé, da solidão, da pouca
familiaridade de alguns com dispositivos móveis e transações eletrônicas pela
internet para praticar crimes.
Também apostam nas dificuldades financeiras a que
grande parte das pessoas acima de 60 anos está submetida, em função de
aposentadorias e pensões insuficientes para crescentes gastos na terceira
idade.
Não há limite para a criatividade destes
malfeitores: simulam agências de cobrança de débitos; oferecem bilhetes
premiados mediante adiantamento de dinheiro; prometem renegociação dos valores
da aposentadoria; inventam acidentes e sequestros de familiares dos idosos; dão
golpes envolvendo o crédito consignado.
Depois do prejuízo, é muito difícil recuperar o que
foi surrupiado. Isso provoca profunda tristeza em pessoas honestas que se
deixaram levar pela lábia destes bandidos. Muitas vezes também têm de suportar
recriminações dos que se acham muito espertos e a salvo dos golpistas.
Mas não estamos imunes a todos os tipos de golpes.
É fundamental fazer boletim de ocorrência sempre que houver uma situação
dessas.
Há como proteger os mais velhos de algumas das
arapucas mais frequentes e evidentes, com algumas precauções:
Combine com um familiar ou amigo entrar em contato
sempre que tiver de fazer uma transação financeira acima de um teto previamente
estabelecido (por exemplo, R$ 500,00).
Não abra anexos de e-mail, exceto os enviados por
pessoas de extrema confiança.
Ao telefone, não informe nome, idade, numeração de
documentos, dados bancários e de crédito, nem se mora sozinho ou com outras
pessoas.
Renegociações de crédito devem ser feitas nas
instituições financeiras. De aposentaria e pensões, em agência da Previdência
Social.
Desconfie da venda de produtos e serviços com
descontos fora da média de mercado. Por exemplo, se um carro novo custar R$ 40
mil e for oferecido por R$ 20 mil.
Nunca faça depósitos em troca de bilhetes
premiados, crédito consignado, automóvel zero abaixo da tabela etc.
Bombeiros, policiais e profissionais de serviços de
remoção hospitalar não fazem ligações a cobrar para informar a ocorrência de
acidentes. Se alguém se fizer passar por um familiar e pedir dinheiro para
alguma emergência, solicite um número de telefone e avise que ligará mais
tarde. Com isso, terá tempo de checar se tal fato realmente ocorreu. E se o
contato for pessoal (há golpistas em lugares públicos que fazem isso), não dê
atenção ao que ele disser.
Aqui, tratamos somente dos crimes. Há, também, as
más práticas de televendas, em que empresas tentam empurrar produtos e serviços
para aposentados. São ameaças até mais frequentes e perigosas, porque induzem
as pessoas a comprar, sem condição financeira, o que não necessitam nem querem.
Essas empresas devem ser denunciadas a entidades de defesa do consumidor.
No final de 2015, entrou em vigor a lei nº 13.228,
que dobrou a pena para quem cometer estelionato contra idoso, podendo chegar a
10 anos de prisão. Estelionato é obter vantagem ilícita para si ou outra
pessoa, em prejuízo alheio, ao induzir alguém ao erro, mediante artifício,
ardil ou fraude
Maria inês Dolci - advogada,
especialista em direitos do consumidor. especializou-se em direito empresarial
na Coral Gables University (Estados Unidos).
Fonte: coluna jornal FSP