A AARR – American Association of
Retired Persons – lançou um módulo de treinamento on line para
funcionários de bancos e cooperativas de crédito que lidam com clientes, como
forma de combater a exploração financeira e as fraudes contra os idosos. O
treinamento do AARP BankSafe está disponível gratuitamente para as instituições
financeiras.
Uma pesquisa feita por essa ONG fundada em 1958 e hoje com mais
de 38 milhões de membros mostrou que o prejuízo médio dos velhos com golpes e
trambiques está na casa dos 120 mil dólares. O relatório desse estudo, com o
título de “O ladrão que conhece você: o custo do Idoso” traz exemplos concretos
de maracutaias, muitas engendradas por parentes ou cuidadores.
Entre os casos relatados estão o de um neto que descontou uma
série de cheques da conta do avô num banco da Geórgia relatou um caso
envolvendo um neto que acabou preso depois de descontar uma série de cheques da
conta de seu avô, para comprar drogas, alegando que era para uma cirurgia. No
Colorado, uma senhora vivia num motel caindo aos pedaços no Colorado, achando que
sua casa estava em obras. O empreiteiro a levava regularmente à cooperativa de
crédito para retirar o dinheiro que deveria pagar a mão de obra – às vezes 20
mil dólares por semana – enquanto ele morava na casa da mulher, que não tinha
obra nenhuma. Em Michigan, uma união de crédito conseguiu impedir a
transferência suspeita de poupança – quase dez mil dólares – da conta de uma
idosa, quando um supervisor do banco interveio e demorou um tempo para
conversar apenas com a cliente, longe de seu acompanhante.
O custo estimado da exploração financeira varia, mas pode ser
superior a 2,9 bilhões de dólares ao ano, de acordo com as estimativas de
um estudo feito pelo MetLife Mature Market
Institute em 2011.Os relatos de atividades suspeitas sobre exploração
financeira de idosos quadruplicaram de 2013 a 2017, quando alcançaram os 63.500
casos.
As autoridades estimam que só uma pequena parte dos casos são
relatados. Um terço dos indivíduos que perderam dinheiro tinham 80 anos ou
mais, de acordo com o relatório da agência federal de fiscalização de consumo
nos Estados Unidos.
O Brasil não tem algo da dimensão da AARP, mas a Febraban
poderia adaptar a cartilha e distribuí-la entre seus associados. Recentemente,
como relata o repórter Pedro Canário do site
Consultor Jurídicio, a financiadora Crefisa foi condenada pela 22ª Câmara de Direito
Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo por cobrar juros abusivos a um
cliente, um senhor de 86 anos, no que o despacho definiu, elegantemente, como
em situação de “hipossuficiência social”. A empresa terá de pagar dez mil reais
por danos morais e devolver em dobro a quantia cobrada. Os juros, de três
empréstimos consignados, eram todos de mais de mil por cento ao ano.
Paulo
Markun – jornalista
Fonte:
jornal FSP