A
Suécia é o segundo país que mais consome café no mundo. Nas empresas suecas há
o costume de se parar o trabalho, em qualquer setor, a cada duas horas, para se
tomar um cafezinho e discutir o andamento das coisas. Tal hábito, além dos
benefícios do café, hoje considerada uma bebida estimulante e saudável, cria um
ambiente descontraído para que os funcionários possam - entre si - expor e
compartilhar ideias. Tirar dúvidas e informar o que estão fazendo. Não é à toa
que a Suécia é também um dos países mais inovadores do mundo. A criatividade
floresce em ambientes descontraídos.
Os
momentos informais da pausa, quer em uma cozinha adaptada, quer em uma
cafeteria sofisticada, servem exatamente para isto: trocar ideias, conversar,
comunicar – repartir com os outros aquilo que sabemos. Empresas precisam
enxergar estes locais e momentos como “ferramentas da comunicação interna” e
não um lugar para se perder tempo e se afastar do trabalho.
Wilbert
L. Gore, fundador da Gore-Tex - considerada em 2011 a empresa mais inovadora
dos Estados Unidos -, com a frase: “A verdadeira comunicação na empresa,
acontece na hora do cafezinho, ou na carona para casa”, fechou coro com outro
apologista da comunicação tête-à-tête: Mike Bloomberg; dono da agência
de notícias econômicas de mesmo nome e ex-prefeito de Nova Iorque. Os
escritórios da Bloomberg são organizados de modo que todos os funcionários
possam entrar, sair e circular por cada ambiente de trabalho passando por um
único ponto central, uma espécie de hall – um roteador de pessoas. Com isso,
visam estimular a integração e facilitar a comunicação entre seus
colaboradores. A Bloomberg também foi uma das pioneiras em instalar quiosques e
cafeterias com sanduíches, snacks e café grátis para todos os
funcionários, em qualquer horário.
Com
certeza é mais barato e eficiente manter essa estrutura e deixar o pessoal
conversar à vontade do que algumas custosas e incertas campanhas de comunicação
interna. O diálogo ainda é a melhor forma de os seres humanos repartirem
conhecimento e trocar informações. Nada substituiu uma conversa em particular,
pois, quando estamos despreocupados, ficamos mais abertos e espontâneos,
falamos com mais desenvoltura e a comunicação flui com mais facilidade.
As
mensagens que emitimos pessoalmente são percebidas simultaneamente por todos os
sentidos, inclusive pelo sexto sentido – a intuição -, pois o tom de voz, a
postura e maneiras de se colocar os pensamentos são mais bem percebidos por
quem dialoga conosco.
Algumas
empresas já perceberam os benefícios do sistema “hora do café” e estão
adotando-o. Porém, é bom fazê-lo com certo cuidado. É preciso avisar aos
funcionários o porquê se está institucionalizando a prática. “É para se trocar
ideias, conversar e promover a comunicação da empresa, não para se ficar comentando
os resultados do futebol ou as últimas da novela ou do BBB.” Deixar a turma
muito à vontade poderá ser contraproducente e a boa oportunidade da comunicação
poderá virar uma central de fofocas geradoras de assuntos para a rádio peão.
Como qualquer atividade da endocomunicação, é preciso monitorá-la, corrigir os
rumos e medir os resultados de tempos em tempos. Lembre-se: os resultados serão
sempre cumulativos, por isso paciência.
O meu café, – sem açúcar ou adoçante, por favor.
Eloi
Zanetti - foi diretor de comunicação do Bamerindus e de marketing de O
Boticário; consultor e palestrante em marketing, comunicação corporativa e
vendas; Publicitário premiado nacional e internacionalmente. Autor de vários
livros – vendas, marketing e infantis. eloi@eloizanetti.com.br
Fonte: http://www.aberje.com.br/acervo_colunas_ver.asp?ID_COLUNA=1087&ID_COLUNISTA=29tis.