Consumo consciente protege o planeta e reduz a
desigualdade
É
preciso criar mais padrões de consumo colaborativo que contribuam para a
redução da desigualdade socioeconômica no Brasil.
Em março, mês do consumidor, defendi neste espaço
que o CDC (Código de Defesa do Consumidor) fosse mais conhecido e debatido, com
efetiva educação para o consumo.
Já que um novo presidente foi diplomado, tomará posse
em janeiro de 2023 e assumiu uma série de compromissos, especialmente com os
mais pobres e vulneráveis, minha postulação é que, finalmente, se faça algo de
verdade para proteger o meio ambiente e reduzir a desigualdade, via consumo
consciente.
São várias citações à educação no CDC, mas
continuam muito mais no terreno das boas intenções.
No capítulo II, da Política
Nacional de Relações de Consumo, um dos princípios é: educação e informação de
fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à
melhoria do mercado de consumo.
Mais adiante, no mesmo capítulo: fomento de ações
direcionadas à educação financeira e ambiental dos consumidores (incluído pela
lei de combate ao superendividamento).
Dentre os direitos básicos do consumidor, estão
educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações.
E um pouco
depois: a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e
de prevenção e tratamento de situações de superendividamento, preservado o
mínimo existencial, nos termos da regulamentação, por meio da revisão e da
repactuação da dívida, entre outras medidas (também incluído pela Lei do
Superendividamento).
Sim, há um forte direcionamento para o combate ao
endividamento, o que é explicável, já que em novembro passado quase 80% das famílias brasileiras relataram ter dívidas.
Mas há outros fatores muito relevantes na educação
para o consumo: aprender a exigir seus direitos, muito bem estabelecidos pelo
CDC.
Evitar o consumismo que se soma a práticas de destruição do planeta Terra.
E criar mais padrões de consumo consciente, colaborativo, cooperativo, que
contribuam para a redução da desigualdade socioeconômica no Brasil.
Os mais jovens parecem ter compreendido esta
realidade. Sonhos de consumo como carro e casa própria perderam muito do seu
apelo para as novas gerações.
Esses consumidores e consumidoras se preocupam
mais com os valores vinculados às marcas dos produtos e serviços adquiridos.
Que assim seja, pois a educação para o consumo é transformadora, desperta
consciência e ilumina os desafios globais.
MARIA
INÊS DOCI - advogada
especializada na área da defesa do consumidor.