Idosos andam de mãos dados em
foto que representa o amor no "The Photographic Dictionary"
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O envelhecimento da população é um fenômeno comum tanto
nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento, com tendência de
aceleração. Investidores e operadores do mercado imobiliário devem ficar
atentos às oportunidades que se apresentam em função desta mudança demográfica
mundial sem precedentes.
Na China, essa questão ganha contornos acentuados. Em
2015, o país abandonou a política do filho único –35 anos após a sua
implantação–, percebendo que a equivocada decisão poderia trazer graves ameaças
para o seu desenvolvimento econômico. Esse modelo dava a uma única criança a
responsabilidade de, no futuro, cuidar dos pais e de quatro avós.
A média mundial de expectativa de vida aumentou
consideravelmente, passando de 49 anos, em 1955, para 72 anos, em 2016. Por
volta do ano de 2040, a população mundial de pessoas com mais de 65 anos deve
chegar a 1,3 bilhão de pessoas, o dobro de hoje. Nos países desenvolvidos, o
número de sexagenários supera, pela primeira vez na história, a população com
idade inferior a 15 anos. Dois terços dos idosos do mundo vivem nos países em
desenvolvimento.
Ainda mais impressionante é o crescimento que ocorrerá
no grupo de pessoas com mais de 80 anos, que deve triplicar nos próximos 35
anos, elevando-se de 1,7% para 4,5% da população mundial em 2050.
É importante perceber que o envelhecimento populacional
traz importantes mudanças de comportamento, capazes de influenciar decisivamente
o desempenho da economia.
Estudos conduzidos pela "Oxford Economics",
nos EUA, mostraram, por exemplo, que o custo anual com cuidado de idosos em
casa aumentará, em 2070, em mais de US$ 325 bilhões (R$ 1,02 trilhão) em
relação ao que se gasta hoje. Por outro lado, os gastos com educação superior
deverão decrescer em US$ 90 bilhões (R$ 284 bilhões), e a redução de dispêndio
em restaurantes e similares atingirá aproximadamente US$ 75 bilhões (R$ 237
bilhões) anuais.
Propriedades imobiliárias representam, hoje, cerca de
40% dos ativos das pessoas com mais de 65 anos em países desenvolvidos. À
medida que esse grupo crescer, haverá mudança expressiva na funcionalidade e no
nível de demanda por produtos imobiliários.
De um modo geral, o envelhecimento da população
resultará em diminuição na demanda por alojamento para estudantes e para a
primeira residência, mas aumentará a demanda por segundas residências, locais
de varejo acessíveis, habitações e comunidades para idosos.
Embora as pessoas queiram viver de forma independente o
maior tempo possível, chega um determinado momento em que a mudança para uma
habitação especificamente projetada e idealizada para idosos acima de 80 anos
pode ser inevitável.
Embora as oportunidades de investimento para moradia de
idosos variem significativamente de um país para outro, o envelhecimento da
população está estimulando a criação de oportunidades atraentes no mercado
imobiliário para investimento em comunidades para idosos com vida independente,
semelhantes aos apartamentos tradicionais, mas com a oferta de serviços de
alimentação, tarefas domésticas e atividades recreativas e, também, comunidades
com vida assistida e serviços de apoio adicionais. Em geral, atendendo a
indivíduos que precisam de assistência diária de serviços, mas não requerem
cuidados de enfermagem.
No Brasil, esse fenômeno tem consequências semelhantes
àquelas que ocorrem no resto do mundo, e o mercado de habitação para idosos, em
suas diversas formas e com enorme potencial de crescimento, deve ser cuidadosamente
avaliado pelos investidores imobiliários
Claudio
Bernardes -
engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos, é
presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP.
Fonte:
coluna jornal FSP