Rasgando dinheiro público



Um sujeito é frequentemente assaltado por diversas gangues. Para piorar, ele tem o estranho hábito de rasgar dinheiro. Resultado? Ele nunca tem dinheiro para absolutamente nada. Falta dinheiro para a escola dos filhos, para o aluguel da casa e até para a comida. Tentando ajudar, um amigo pergunta a ele por que ele não para de rasgar dinheiro. Isto melhoraria a sua situação. O sujeito responde exasperado e ofendido: “até que todos os membros de todas as gangues que me assaltam sejam presos e eu nunca mais seja assaltado, não vou nem pensar em parar de rasgar dinheiro.”

Maluco? Estúpido? Masoquista? Todas as alternativas? Não sei, mas muita gente tem exatamente esta atitude em relação ao dinheiro público, que afinal de contas é de todos nós.

Combater privilégios da Previdência, do funcionalismo público e dos políticos? Privatizar estatais deficitárias que não param de consumir recursos e são usadas conforme os interesses do grupo político que está no poder? Acabar com programas “sociais” de governo que aumentam a concentração de renda no país ao invés de reduzi–la, como as universidades públicas gratuitas, por exemplo? Eliminar burocracias que dificultam a vida e empobrecem todos os brasileiros? Melhorar a eficiência do setor público e a qualidade dos seus serviços? Simplificar nosso absurdo sistema tributário?  Nem pensar! Antes, temos de eliminar de vez a corrupção no Brasil. Só depois, quem sabe, chegará a hora de fazermos isso.

Será que, para melhorarmos a vida de todos os brasileiros, não faria mais sentido, além de combatermos a corrupção com todo afinco do mundo, também pararmos de rasgar dinheiro público imediatamente?

Ricardo Amorim - autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews.

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