Trabalho com Comunicação com foco em Previdência
Complementar desde 1991. Faz tempo!
E
vejo esse tempo como uma vantagem extraordinária. Porque permitiu que eu
acompanhasse muitos movimentos que a Previdência Complementar fez para se
adaptar a estatizações - e portanto aos modelos de plano CD e adesão
facultativa. Planos Instituídos. Planos com Perfis de
Investimento.
Estava lendo a entrevista - O abandono da ótica do Medo - de Renato
Meirelles à Revista da Previdência Complementar. Para quem não sabe, Renato
Meirelles é uma autoridade. Um trecho da matéria explica:
"[...]presidente
do Instituto Locomotiva, que apresentou o estudo Brasil Maduro no último
Encontro Nacional de Comunicação e Relacionamento com o Participante realizado
pela ABRAPP. Fundador e presidente do Data Favela e do Data Popular, onde
conduziu diversos estudos sobre o comportamento do consumidor emergente
brasileiro, Renato fez parte da comissão que estudou a Nova Classe Média
Brasileira, na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República".
Eu não vou repetir a entrevista aqui, mas quero
comentar um aspecto. Renato Meirelles chama a atenção para a geração 50+,
que ele chama de Gray Power, e a inabilidade dos comunicadores
para lidar com ela. 50+ significa: pessoas acima de 50 anos,
escolarizadas, e que deverá movimentar R$ 1,5 trilhão na economia.
Mais
do que o uso inadequado de estereótipos, a crítica de Renato Meirelles evidencia
o uso do medo como estratégia de abordagem das PESSOAS, para que ela faça a
adesão a um plano previdenciário.
A técnica foi realmente muito comum. E ainda é usada, mostrando a relação
risco/desamparo, causa/consequência do adiamento da decisão. Lembrou aí, Cara
Pálida, dessa prática? Bom, mas não é só isso. A geração de comunicadores
pós 2008 - muito em razão dos programas de Educação Previdenciária -
substituiu a ameaça e passou a encontrar formas atraentes para oferecer
um futuro mais sorridente a participantes potenciais.
Mas concordo com a crítica! Em geral, a Comunicação Previdenciária tem um
salto, um hiato de representação entre 30+ e 60+, curiosamente a faixa etária
que me representa e também a muitos profissionais da minha geração e que estão
na ativa, trabalhando para fazer mais e melhor.
"Estamos
falando de um Brasil onde nascem cada vez menos pessoas e as pessoas vivem mais
e que, portanto, registra mudança da faixa da parcela da população brasileira
de 60 anos. Ela vai dobrar em uma geração. E isso coloca para o país um
conjunto de desafios: que país os jovens de hoje querem viver no futuro?
Estamos conseguindo ou não construir um país que seja aberto à população mais
envelhecida e que vai viver mais tempo?" Renato Meirelles.
A resposta parcial que eu tenho para esse questionamento tão objetivo é:
ainda não. Porque os desafios sobre os quais eu penso são maiores até do que a
Previdência Complementar. Incluem políticas públicas de respeito e assistência
à saúde, inclusão social, acesso ao mercado de trabalho, acesso a cultura e
educação, transporte público e trânsito mais humano [na cidade e nas estradas].
Porque, Cara Pálida, a "melhor idade" já é! E uma experiência em
massa. Oi? É.
"Olha,
eu acho que muitas vezes a comunicação é muito técnica e baseada no pavor, no
medo.
O
que você vai fazer quando envelhecer?
O
que você vai fazer se não tiver mais trabalho?
E
talvez fosse mais adequada uma abordagem com viés mais positivo, algo como 'se
preocupe em viver' [...]Mostrar o quanto ter segurança financeira abre portas,
em vez do princípio lógico do medo, pode ser um caminho interessante de
abordagem". Renato Meirelles
Sobre essa perspectiva, vou um pouco mais longe. Acho que parte desse medo
também revela rejeição à idade.
Tem
gente que rejeita a idade, como se pudesse ficar imune ao envelhecimento. Bom,
acho que isso é mais uma forma de preconceito que tem nome - etarismo.
E
como todo o preconceito, precisa ser superado. Depois, é uma forma de rejeitar
o trabalho que as soluções exigem. E tem muito trabalho pela frente!
E se tem alguma coisa nova no horizonte é esse olhar atento do mercado para
criar expressões além da fragilidade (velho desamparado) e do forever young
(velho com piercing e tatuagem). A gente pode fazer melhor, porque
diversidade é uma busca permanente de expressões que representem com
propriedade a multiplicidade de possibilidades das PESSOAS.
E comunicador encara esses desafios por modinha?
Claro que não! Comunicador encara esses desafios porque está em seu DNA
estabelecer conexões significativas em escala.
Comunicador
está comprometido com os resultados institucionais estratégicos.
Comunicador
tem sempre um caso de amor com Educação e aí está o salto qualitativo
dessa história: a transformação de comportamento.
50+ variações da mensagem meta tímida para quem pensa em muuuuuuitas
PESSOAS. E por quais motivos ainda não nos expressamos assim?
Porque
ainda precisamos conquistar posicionamento e alinhamento. As soluções de Comunicação
precisam ser reconhecidas, legitimadas, aprovadas e depois divulgadas com essa
visão comum, compartilhada, endossada.
Falta
alguma coisa para fechar esse post? Acho que falar sobre novas atitudes. Elas
são determinantes para que tudo mude. As palavras, as cores, os
comportamentos. As atitudes mudam os protocolos. Tornam as relações mais
objetivas, sustentadas por fatos.
Eu tenho certeza que a gente vai ganhar esse jogo, ainda que o horizonte
não seja muito claro aqui e agora. Nesses momentos críticos, é sempre bom
lembrar que, há muito tempo, a gente deu essa largada e partiu na aventura de
criar o futuro todos os dias.
Eliane
Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação,
especialista em Gestão de Processos Comunicacionais e consultora de
comunicação, tem participado em projetos com a Suporte Educacional.
Fonte: blog da Eliane: www.elianemiragliablogspot.com.br