Viciados em compras


Consumista, compulsiva, oniomaníaca? Esses comportamentos podem causar estrago nas finanças.

Elisabeth está muito decepcionada. Sua avaliação de desempenho profissional foi positiva, refletindo seu esforço, dedicação e compromisso com o trabalho. Entretanto, seu supervisor lamentou comunicar que o prometido aumento de salário foi adiado mais uma vez em razão de restrições orçamentárias. Ela precisa de uma bolsa nova para massagear o ego.

Apaixonada, Raquel ansiava por levar seu relacionamento com Pedro para outro patamar. Pedro está em outra vibração, e casamento não faz parte de seus objetivos nos próximos anos. Com a autoestima baixa, Raquel precisa se sentir querida, amada, e acha que um vestido novo (e caro) pode ajudar a esquecer a decepção amorosa.

Mauro é um funcionário exemplar. Atinge um nível de produtividade, com qualidade, que os colegas não conseguem reproduzir. Extremamente comprometido com a empresa, tem tido dificuldade de manter sua motivação elevada por não contar com o reconhecimento de seus superiores. Vai se sentir muito melhor depois que trocar seu carro por um novo.

Os três, certos de que merecem uma recompensa, buscam substitutos fáceis, que o dinheiro pode comprar. Impulsos de consumo, adiados por falta de dinheiro, voltam mais fortes e se materializam para compensar a dor e a frustração de não serem amados e reconhecidos.

AUTOCONHECIMENTO

Procure identificar o que o move, quais são os gatilhos que afetam o seu comportamento. Você se considera um consumidor normal ou se transforma ocasionalmente em consumidor compulsivo? Como você se sente depois do exagero? O prazer imediato do consumo dá lugar a sentimento de culpa, remorso ou vergonha? Consegue planejar suas compras com antecedência e pequenos excessos não provocam estrago no orçamento? O primeiro passo para solucionar o problema é reconhecer que ele existe.

Uma compra considerada normal, feita por um consumidor consciente, precisa seguir alguns passos:

1. Avaliar a real necessidade;

2. Avaliar as possibilidades financeiras;

3. Pesquisar preço e condições de pagamento;

4. Negociar um bom desconto;

5. Pensar antes de comprar;

6. Comprar somente o programado.

CONSUMISTA

Se o consumo lhe dá prazer e você gasta dentro de limites estabelecidos, não usa dinheiro que não tem para gastos supérfluos, sinal verde, mantenha o controle e seja feliz. Se você é consumista e compra sem pensar nas consequências; se rende aos apelos comerciais que exercem grande influência sobre você; exagera nos gastos com supérfluos e começa a ter dificuldade de pagar 100% da fatura do seu cartão de crédito no vencimento, luz amarela! Repense seus hábitos de consumo para evitar sérios problemas.

ONIOMANIA

Quando o ato de comprar passa a ser exagerado, incontrolável e irresistível, o sinal vermelho acende! Você pode ser vítima de um transtorno conhecido como oniomania, quando o consumo diante de um apelo, um evento negativo, resulta em prejuízos significativos no funcionamento social, familiar e financeiro.

Você compra coisas desnecessárias apenas para satisfazer uma vontade incontrolável de comprar? Já escondeu compras da família? Mentiu sobre a quantidade de dinheiro gasto em compras? Gastou para compensar sentimentos negativos como depressão ou tédio? Sente euforia ou ansiedade durante as compras, mas depois sente culpa e fica envergonhado? Tem atração incontrolável por cartões de crédito?

Se você se identifica com algumas das características desse transtorno, procure ajuda. O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, por exemplo, oferece o Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Pro-Amiti). Pesquise os grupos de apoio existentes na sua cidade e dê o primeiro passo para transformar sua vida.

Marcia Dessen - planejadora financeira pessoal, diretora do IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros) e autora do livro "Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro" (Trevisan Editora, 2014).

Fonte: jornal FSP

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