Jovens profissionais, imbuídos
do espírito de geração Y, do "millenium" e outras tantas
denominações, não tiveram tempo de passar por crises como a que estamos
atravessando agora, com altos índices de desemprego.
O discurso replicado é o de que
os jovens mudam de emprego com frequência em busca de novos desafios e de algum
lugar onde possam fazer a diferença. Essa situação colocou foco na estratégia
de reter talentos e levou até algumas empresas a implantarem ações na tentativa
de evitar a evasão.
Agora, entretanto, a alta na
taxa de desemprego no país, que afeta principalmente os jovens, faz com que
muitos deles revejam a ânsia de mudança. Segundo ouço de consultorias
especializadas em recrutamento e seleção, a atitude antes descomprometida e
aparentemente irresponsável de trocar de emprego constantemente está mudando.
Faltas em processos seletivos
estão sendo comunicadas e o índice de não comparecimento às entrevistas de
trabalho praticamente zerou. Comportamento, aliás, notado e apreciado por parte
dos contratantes.
Essas atitudes denotam que as
pequenas gentilizas e a educação podem ser extremamente bem vistas em processos
seletivos.
Por outro lado, tenho escutado
com frequência conversas entre jovens que preferem ficar no seguro desemprego a
aceitar uma vaga que os desagrade. Isso denota que o desejo pelo emprego ideal
continua existindo, mas por outro lado demonstra a falta de conhecimento da
legislação que rege a obtenção do benefício.
O seguro desemprego não é renda
que substitui o trabalho e nem mesada do governo. É uma renda emergencial,
temporária e que privilegia aqueles trabalhadores demitidos, com histórico de
permanência em seus empregos.
Para obter quatro parcelas do
benefício o empregado deve comprovar vínculo empregatício de no mínimo 18 e no
máximo 23 meses no período de referência. Se pedir as contas ou for demitido
por justa causa, não tem direito ao benefício. Assim, não é recomendável
considerá-lo como "bolsa desemprego" e muito menos como estratégia
para o período entre empregos.
Adriana Gomes – mestre em psicologia,
coordena o Núcleo e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM
Fonte: coluna no jornal Folha de São Paulo