Uma das
maiores “pedras no sapato” daquelas empresas que são patrocinadoras de fundos
de pensão é como persuadir os funcionários a aderirem aos programas de
previdência que são oferecidos.
O baixo
engajamento de funcionários aos planos de pensão é uma coisa que desafia a
lógica financeira e que só pode ser explicado pelo baixo (ou inexistente) grau
de educação financeira das pessoas. E este problema não se verifica apenas no
Brasil. Nos EUA, a maioria das ações de educação financeira em empresas é
voltada para questões previdenciárias e, de certa forma, para a promoção dos
programas previdenciários oferecidos por essas empresas.
Quando se coloca “promoção” de algum tipo de serviço financeiro
e “educação financeira” na mesma frase, raramente sai alguma coisa boa dessa
junção… Mas, no caso dos fundos de pensão, eu abro uma exceção, principalmente
quando falamos de um esquema de previdência em que a empresa contribui junto
com o funcionário (o chamado “match”). Não é uma regra, mas a maioria das
empresas que oferecem esquemas de previdência faz o match,
e frequentemente ele chega a 100% daquilo que o funcionário coloca no fundo. Ou
seja, para cada um real, a empresa coloca outro real. Se o funcionário não
colocar dinheiro, a empresa não coloca…
Peraí! Estamos
falando aqui de um investimento que, sem considerar taxa de juros nem nada, já
dá um retorno de 100%! Afinal, você investe um real, e ganha mais um real. Aqui
entre nós, nem pirâmide financeira dá isso…
Se é
tão bom, por que muitos trabalhadores resistem a entrar nos esquemas de pensão?
Uma possível explicação (a mais óbvia e intuitiva) é que eles simplesmente não
têm noção de como um programa desses funciona. Outra possível explicação é que
alguns trabalhadores até saibam como funciona, mas não conseguem fazer sobrar
dinheiro para aproveitarem ao máximo possível o benefício oferecido.
Tudo
bem que fundos de pensão não são perfeitos. A liquidez é baixa (só vemos o
dinheiro quando nos desligamos da empresa), alguns fundos apresentam
rentabilidade baixa por circunstâncias de mercado e outros são simplesmente mal
geridos, mas… ainda assim, estamos falando de um investimento com potencial de
dar um retorno imediato de 100%!
Quando
não aproveitamos o benefício previdenciário em sua integralidade, estamos
simplesmente “deixando dinheiro na mesa”. Por isso que, quando temos a
oportunidade, devemos aderir, independentemente de ser um fundo mal ou bem
gerido (obviamente que, se for bem gerido, é melhor ainda).
Tudo
isso me lembra de uma frase de autor desconhecido (já a vi atribuída a vários
autores diferentes), que ficou famosa ao ser mencionada em uma comédia
romântica dos anos noventa:
“Pizza
é como sexo. Quando é bom, é ótimo. Mas quando é ruim, ainda assim é muito
bom”.
Substitua
“pizza” por “fundo de pensão”, e a frase continuará igualmente sólida (talvez
até mais, pois pizza não é um consenso).
Quando temos oportunidade de entrar em um fundo de pensão que
tem matchdo empregador, ainda que o fundo não
seja “aquela maravilha”, nós devemos entrar e, mais que isso, devemos nos
esforçar para aproveitar o benefício em sua integralidade, buscando maximizar a
contribuição do empregador.
Não
fazer isso é um dos maiores erros financeiros que alguém pode cometer,
independentemente da qualidade da gestão do fundo, pois não entrar significa
pura e simplesmente “jogar dinheiro fora”.
Se for
bem gerido, é ótimo. Mas mesmo que não seja, ainda assim “está valendo”.
André Massaro –
Fonte: EXAME.com