Terror sai das telas para a vida do consumidor
Inflação
no Brasil faz filmes de terror parecerem contos de fada.
Os
filmes de terror fazem muito sucesso em países como os Estados Unidos. Mas atualmente, no Brasil, todos
eles parecem contos de fada.
Afinal, o consumidor se apavora, frequentemente,
quando lê que a Petrobras definiu novo reajuste dos combustíveis.
Ou em atividades corriqueiras, como ir ao supermercado, passar perto do açougue
ou receber a conta de luz.
Em
fevereiro, a gasolina custava saudosos R$ 5,102. Hoje, já encosta nos R$ 8 em postos das regiões
Sul e Sudeste.
Você acha, sinceramente, que um brinquedo assassino apavore mais
do que tentar encher o tanque do carro, e se preparar para despender uns R$ 300,
se o preço da gasolina estiver em torno de R$ 7?
Muitos
já tiveram pesadelos depois de assistir ao massacre da serra elétrica.
Não
seria para menos, mas como comparar este susto cinematográfico com ter de
elaborar refeições com ossos (de primeira e de segunda), carcaças, pés de
galinha ou cabeça de peixe?
E como conter o pavor de pagar mais de R$ 100,00 por um botijão de gás,
que não dura o mês inteiro.
A conta mensal de energia elétrica, que costumava custar até uns
R$ 100, agora pode ultrapassar os R$ 300. Coincidentemente, aquele valor citado
no segundo parágrafo, para encher o tanque do carro.
O mais terrível, contudo, e aí o terror se torna sádico, é que
as pessoas que ainda têm empregos formais —com registro em carteira, férias,
13º— não obtêm reajustes salariais pela inflação. Sem contar os milhões que não
conseguem nem trabalho informal.
Normalmente, os filmes de terror duram 90 ou 120 minutos. Têm
hora para começar e terminar.
E são acompanhados de pipoca. Este filme no qual
estamos vivendo, contudo, continuará este ano todo, e deverá seguir 2022
adentro.
Ah, mas terminará depois das eleições, diria um otimista. Depende de quem
receba a missão de administrar este caos produzido e desenvolvido com afinco.
Mesmo que seja alguém preparado (a) e com excelentes intenções, terá de escavar
os escombros deste terremoto, antes de reconstruir a casa.
É claro que as pessoas devem comparar preços,
aproveitar as promoções e se inscrever em todos os programas de descontos
possíveis e imagináveis.
Até porque o fantasma da inflação —esse existe, sim!— está
assombrando a todos nós. Já passou dos 10% no acumulado de 12 meses em outubro.
Neste cenário, sugiro aos cinemas e streamings que
programem filmes engraçados e alegres. Terror o consumidor brasileiro já tem ao
vivo e em cores.
MARIA INÊS
DOLCI -advogada especializada na área da defesa do
consumidor.
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