Baixo crescimento da economia e fraudes afetam tanto o trabalho
da auditoria quanto os profissionais da categoria
Em
tempos de baixo crescimento e escândalos de corrupção, profissionais de
auditoria enfrentam grandes desafios para a sua plena atuação. Em
levantamento feito em 35 países pela KPMG, 52% dos 1.500 membros de conselhos
de administração e comitês de auditoria consultados apontaram incertezas
no ambiente de negócios como principal preocupação. No caso do Brasil, esse
número sobe para 60%.
Para Sidney Ito, sócio
da área de riscos da KPMG, os comitês de auditoria no País ainda precisam
evoluir em um ponto específico: “As medidas tomadas pelos comitês, em
geral, são reativas, não preveem cenários”. Outra pesquisa, realizada pela
Deloitte no Brasil, aponta que as principais frentes de atuação das auditorias
internas têm sido o monitoramento de riscos financeiros (44% dos
respondentes) e a adequação às regras de cada setor (43%).
O levantamento foi
realizado com 175 profissionais de empresas brasileiras, principalmente
diretores e gerentes, entre novembro de 2014 e janeiro deste ano. Nesse
contexto, o trabalho dos auditores é afetado em duas frentes: de um lado, a
cobrança por procedimentos mais rigorosos; de outro, questionamentos sobre
a responsabilidade da própria auditoria por prejuízos e fraudes cometidos nas
organizações. Um dos pontos-chave para evitar a corrupção nas
empresas é a forma como as informações estratégicas circulam dentro
(auditoria interna e independente) e fora das companhias (auditoria
externa).
Em ambos os casos, os
profissionais se baseiam em dados fornecidos por outras áreas da
empresa. “É preciso detalhar os riscos para a organização em si. Todas as
entidades envolvidas com a empresa (como bancos e órgãos
reguladores) podem contribuir pedindo informações sobre esses riscos”, diz
o presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
(Ibracon), Idésio Coelho. O sócio da TG&C Auditores, Marcos
Sanches, também destaca que a interação entre a auditoria e outras áreas da
empresa pode melhorar a produtividade: “Profissionais produzem de maneira
diferente ao saberem que são monitorados.” Na berlinda. Com o escândalo de
corrupção na Petrobrás, a PriceWaterhouseCoopers (PwC) e a KPMG são questionadas
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) quanto a seu posicionamento
sobre as demonstrações financeiras da estatal, aprovadas sem ressalvas até
o terceiro trimestre de 2014.
Sobre a auditoria
externa, Idésio Coelho explica que há três formas de avaliar os trabalhos: uma
possibilidade é a de a fraude não poder ser capturada pelos técnicos, uma
vez que os resultados financeiros não são elaborados por ela; a segunda
possibilidade é a de falha no trabalho do auditor, o que implica em multas
ou sanções dos reguladores; a terceira hipótese é a de participação do auditor
na fraude, um caso de polícia.
Quanto à auditoria
interna, “é importante que os profissionais tenham independência em relação a
seus gestores e à forma como se reportam”, ressalta o especialista em
gestão de riscos da Deloitte, Alex Borges. Os profissionais precisam ter em
mente a estratégia de maior preocupação dos auditores é o ambiente de
negócios negócios da companhia e se alinhar a seus valores para que o
trabalho surta os efeitos desejados.
Fonte: site Assistants Consultoria