Comprar ou não comprar seguro de vida, eis a questão


Sabemos que vamos morrer um dia. O que não sabemos é quando e como vamos morrer. Quanto mais prematuro for, maior será o impacto financeiro para a família com patrimônio insuficiente para substituir a renda do provedor que partiu.

Não é possível evitar a morte, mas é possível proteger nossos entes queridos até que sejam independen- tes financeiramente. O produto que oferece essa proteção é o seguro de vida e existem duas formas de adquiri-lo.

Quer ter um seguro de vida com cobertura de R$ 1 milhão? Você pode comprar essa proteção a partir de hoje e pagar R$ 800 por mês para o resto da vida. Ou pode in- vestir R$ 800 por mês e acumular R$ 1 milhão em 30 anos. Entendeu a diferença?

No primeiro caso, o risco e o dinheiro são da seguradora. Se você ficar inválido, a seguradora paga a você por sobrevivência; se você morrer, paga aos seus herdeiros. Se você desistir do seguro, o dinheiro não volta, fica para seguradora em razão do risco que ela assumiu.

No segundo caso, o risco e o dinheiro são seus, mas o problema é que vai demorar um tempão para acumular R$ 1 milhão. O dinheiro pode ser resgatado e usado como você quiser, ele é seu. Mas, se o risco de morte ou invalidez acontecer no início da fase de acumulação do dinheiro, você terá pouco dinheiro guardado.

Esta é a pergunta cruel: compro um seguro de vida agora para garantir uma cobertura alta desde já ou assumo o risco e corro o risco de morrer cedo deixando pouco dinheiro para meus herdeiros? Se a decisão for comprar um seguro, outra pergunta difícil: que tipo de seguro comprar?

O seguro de vida tradicional cobre o risco de morte por qualquer causa, natural ou acidental, e também o risco de invalidez que impede o segurado de trabalhar e ganhar dinheiro. Nessa modalidade, o valor do prêmio é corrigido de acordo com a faixa etária. Quanto maior a idade, maior será o custo de manter a apólice. José contratou um seguro de vida inteira aos 35 anos pagando um prêmio mensal de R$ 115. Aos 65 anos, o prêmio se aproxima de R$ 1.750. Se ele parar de pagar, perde tudo o que pagou.

Quer evitar a elevação do custo com a idade? Considere a compra de um seguro de vida resgatável que protege a vida inteira e concede o direito de resgate após carência de dois anos. O prêmio inicial é maior, mas não muda conforme a faixa etária. Se o segurado parar de pagar, receberá um percentual de tudo que pagou. No caso de José, por exemplo, o prêmio fixo da apólice seria de R$ 1.130, e, se ele resgatar aos 65 anos, receberá cerca de 90% do prêmio pago.

Pedro e Fernanda, 35 anos, são recém-casados e pretendem ter dois filhos, em breve. Não acham que precisam de seguro de vida inteira e estão pensando em outro tipo de seguro. Querem cobrir o risco de morte ou invalidez somente durante o período mais crítico, em que o impacto seria muito elevado para a família se algo de grave acontecer com o principal provedor.

Como querem garantir a tranquilidade da família para os próximos 20 anos, tempo estimado de criação e educação dos filhos, decidiram contratar um seguro de vida pelo prazo determinado de 20 anos. Ideia de custo? Se Pedro contratar um seguro termo por 20 anos, pagará R$ 175 por mês. Esse tipo de seguro não é resgatável e não tem reenquadramento por faixa etária.

Carlos trabalha por conta própria e corre o risco de sofrer um acidente que o impeça de trabalhar e ter sua renda interrompida por uns tempos. Cogita comprar um seguro, mas não quer gastar muito com o prêmio. Está avaliando a compra de um seguro de acidentes pessoais para se proteger do risco de invalidez permanente, total ou parcial, decorrente de acidente. Como a cobertura desse seguro é menor, o custo também é.

Está em dúvida sobre a necessidade de ter ou não um seguro? Tem vontade e orçamento para contratar um seguro, mas não sabe escolher o mais adequado? Um corretor de seguros é o profissional mais adequado para te orientar. E também um planejador financeiro certificado que abarca várias competências, avaliação de riscos, entre elas. Como Regina Pratavieira, que reúne as duas competências e fez a revisão técnica deste artigo.

Marcia Dessen – planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'

Fonte: coluna jornal FSP

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