FUNDOS DE INVESTIMENTO


Como escolher um fundo de investimentos

 Não existe o melhor fundo, existe o fundo mais adequado para cada um de nós.

Investir não é uma tarefa fácil ou simples. 

Pesquisar, avaliar, negociar, decidir, tudo isso é um grande desafio. Uma alternativa? Aderir a um fundo de investimento com determinadas características, atribuindo ao gestor a tarefa de tomar as decisões por sua (do investidor) conta e risco.

Entretanto, a escolha de um fundo também é complexa, requer trabalho. Em janeiro, a indústria tinha nada mais, nada menos do que 26.705 fundos. 

Um patrimônio líquido total de quase R$ 7 trilhões em mais de 30 milhões de contas.

Os números assustam (quantidade de fundos) e impressionam (tamanho da indústria). 

Como se espera que um investidor, por mais experiente que seja, consiga lidar com a enorme quantidade de informação envolvida para selecionar 3 ou 5 fundos adequados para ele?

Parece complicado, e é, mas, quando esmiuçamos as informações, chegamos à conclusão de que são derivadas de um mesmo tema e que tudo se resume a dez classes de fundos, segundo classificação da Anbima. 

Os fundos tradicionais: renda fixa, ações, multimercado, cambial, previdência e ETF; os fundos estruturados: FIDC, FIP, FII; e os fundos offshore.

Os fundos são classificados segundo o objetivo (aonde querem chegar) e a política de investimento (como pretendem atingir o objetivo), que identificam as estratégias e os principais fatores de risco aos quais estão sujeitos. 

O tipo de gestão —ativa ou passiva, e se investe em ativos no exterior— também deve ser informada com transparência para que o investidor saiba se o fundo combina com o seu objetivo pessoal de investimento.

A coisa complica um pouco porque cada classe de fundo se desdobra em tipos. Só a classe renda fixa, por exemplo, tem 16 tipos. 

Os fundos de ações e multimercado têm 12 e 11 tipos, respectivamente. São 23 os tipos de fundos de previdência!

Se você investe ou está pensando em investir em um fundo, deve ler e analisar atentamente um documento obrigatório, denominado DIE (Documento de Informações Essenciais), também conhecido por lâmina. Tudo o que você precisa saber, antes de aderir, está lá.

Trocando em miúdos, conheça e avalie diversas informações antes de decidir se o fundo é adequado para o seu nível de tolerância a riscos e seu objetivo de investimento.

Para gestão de riscos: saiba qual é a política de investimentos do fundo e os riscos aos quais estará exposto: risco de crédito (calote), risco de mercado (oscilação de preços), risco de câmbio (mais oscilação), risco de alavancagem (perdas e ganhos potencializados), risco de investimentos no exterior (diversifica, mas amplia os riscos também).

Verifique o grau de risco atribuído ao fundo e o nível de volatilidade, o melhor e o pior período. 

O prazo de investimento, em anos, sugerido para alcançar o resultado esperado. Sim, esperado, fundos não garantem (e nem podem garantir) rentabilidade.

Nos fundos de renda fixa, por exemplo, é importante verificar qual é a duração dos ativos do fundo. Quanto maior a duração (prazo médio dos ativos), maior será a flutuação de preços dos ativos.

Para gestão da liquidez: verifique qual é o critério de conversão das cotas no resgate. Alguns fundos convertem as cotas em 30, 60, 90 dias (ou mais) a partir do pedido do resgate. 

O dinheiro continua exposto ao risco enquanto espera o pagamento do resgate.

Para gestão dos custos: conheça a taxa de administração e taxa de performance

A indústria é democrática e inclusiva, para pequenos e grandes investidores. Entretanto, favorece os grandes investidores com taxas menores.

A taxa de administração é paga pela prestação de serviço de administração e gestão do fundo; expressa em % ao ano, incide sobre o patrimônio corrigido (sim, sobre o patrimônio, não sobre a rentabilidade), sendo descontada do valor da cota. 

Assim, a cota é líquida da taxa, mas bruta do Imposto de Renda.

A taxa de performance é cobrada quando o fundo bate a meta e supera seu índice de referência.

Finalmente, verifique a rentabilidade passada do fundo. Não faça isso para criar expectativa em relação à rentabilidade futura, seria um grande equívoco. 

O desempenho histórico demonstra se o fundo cumpriu o objetivo traçado, como se comportou em períodos de crise em relação ao mercado e aos fundos da mesma classe.

Evite investir em fundos novos, sem histórico de performance. Nunca tome a decisão com base em rentabilidade passada, particularmente a de curto prazo, obtida no último mês, amostragem insuficiente para avaliação. 

Dê preferência a fundos consolidados, mais antigos, reduzindo a chance de uma escolha equivocada.

Lembre-se, não existe o melhor fundo, existe o fundo mais adequado para cada um de nós, respeitados o momento de vida, objetivo de investimento, nível de tolerância a riscos e necessidade de liquidez.

MARCIA DESSEN - Planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.

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