O que você quer ser quando envelhecer?
Encontre um
propósito para se manter ativo e feliz em todas as fases da vida.
Quem se recorda da
infância quando pensávamos no que queríamos ser quando crescer?
Vejo que as
coisas não mudaram, ouvindo minhas netas fazendo a mesma pergunta, mudando de
ideia e cogitando outras profissões, inspiradas por novas experiências que as encantam.
O que não fazemos é
refletir sobre o que queremos ser quando envelhecermos.
Talvez porque resistimos a pensar no envelhecimento e deixamos de
nos preparar para essa fase da vida.
Em algumas
culturas, como a oriental e a europeia, as pessoas lidam muito bem com a velhice.
No Brasil, que
reveza com os EUA no posto de campeão mundial em cirurgia plástica, temos um
longo caminho a percorrer no sentido de aceitação e preparação para a velhice.
Essa resistência
talvez ajude a explicar a dificuldade de muitos no sentido de planejar a aposentadoria, de entender
que haverá tempo suficiente para uma terceira ou quarta carreira e podermos
responder à pergunta “o que você quer ser quando envelhecer”.
O livro “Ikigai, os
Segredos dos Japoneses para uma Vida Longa e Feliz” relata o estilo de vida dos
japoneses que ultrapassam a casa dos cem anos de idade, ativos e satisfeitos
até o fim da vida.
A palavra ikigai,
uma junção de termos que significam “vida” e “valer a pena”, parece ser uma das
razões para a extraordinária longevidade dos japoneses, sempre em busca de um
propósito para sua existência.
Um dos segredos
dessa vida longa e feliz, além da alimentação saudável e da prática de
exercícios físicos, é o fato de que eles não se aposentam, seguem trabalhando
naquilo que gostam de fazer.
Costumam manter ao menos duas atividades ao longo
da vida —quando uma delas se esgota, a outra se mantém.
Não existe na
língua japonesa uma palavra que signifique “aposentar-se”, no sentido de retirar-se para
sempre.
Muitos se dedicam, por exemplo, à horticultura, que, além de os manter
ativos, fazendo o que gostam de fazer, permitirá uma fonte de renda ou de troca
e pode ser mantida quando o vínculo de um trabalho formal deixar de existir.
Aposentadoria remete à velhice. Velhice
remete à morte. Embora ambas sejam naturais e façam parte da vida, não é
prazeroso pensar nem em uma coisa nem em outra.
Talvez essa seja a razão pela
qual muitos se recusam a pensar no assunto e preferem seguir vivendo pensando
no presente, dando pouca ou nenhuma atenção ao futuro.
Se planejarmos a
aposentadoria, poderemos decidir como será nossa velhice, como nos
manteremos ativos nessa fase da vida, como nos ensinam os longevos cidadãos
japoneses.
Um dos segredos dos
habitantes do povoado Ogimi, uma área rural de 3.000 habitantes da ilha de
Okinawa, é a sensação de pertencimento à comunidade, desde pequenos eles
praticam o trabalho em equipe, que os ensina a ajudar uns aos outros.
Segundo um filósofo
francês, ikigai pode ser entendido como razão de ser, o ponto em que a paixão,
a missão, a vocação e a profissão se encontram, a chave para uma vida longa e
feliz.
Estabelecer um
objetivo, uma meta, é uma forma de envelhecer bem e nos manter conectados com a
nossa vontade.
Além dos amigos, a tranquilidade financeira é
fundamental e não precisamos de muito, apenas do suficiente para fazer o que
quisermos na velhice.
Os tempos atuais
são perfeitos para refletirmos sobre o nosso ikigai, propósito para acordar
todas as manhãs com disposição e alegria.
Eu encontrei o meu, gerar impacto nas
pessoas por meio da Educação Financeira, e o compartilho
semanalmente com você neste espaço.
MARCIA DESSEN - planejadora
financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O
Que Fazer com Meu Dinheiro”