Com o passar dos anos, frequentemente
jovens talentos pedem para que eu seja seu mentor, porque eles querem trabalhar
em Recursos Humanos. Eu adoro ser mentor, mas eu gosto por causa das razões
certas. Então, eu normalmente faço a pergunta: “Por que você quer trabalhar em
RH?”. Muitas vezes, a resposta é algo parecido com “Eu amo trabalhar com
pessoas, desenvolvendo-as e ajudando-as”. Para o que eu costumo responder “Se é
o que você quer fazer, então você deveria trabalhar em operações ou gerência
geral, não em RH”. Geralmente essa é uma resposta que choca, mas eu sou
honesto. A percepção errônea de que o RH é um lugar “legal” para trabalhar
porque trabalha com pessoas é dominante, e normalmente leva o tipo errado de
talento para essa função.
Para ser honesto, ser legal é normalmente
uma expectativa e um requisito para trabalhar no RH. É difícil para as pessoas
imaginarem que seus colegas de RH não são pessoas “legais”. Mas eu penso que é
aqui que os jovens profissionais se confundem. Eles veem colegas e líderes de
RH como “legais”, percebem que o negócio todo trata-se de ajudar pessoas, e por
engano assumem que ser uma pessoa “legal” é qualificação suficiente para a
função. No entanto, “legal” é apenas um ponto de partida – nem a princípio o
suficiente.
Justo, não legal
Como eu estava falando com um amigo sobre
isso uma vez, ele validou o meu ponto de vista apontando que em Recursos
Humanos nós não estamos no negócio “legal”, nós estamos no negócio “justo”. Eu
acredito que esse é um insight interessante. Vamos considerar algumas das
funções de RH como exemplo:
- Reestruturação: onde há
reestruturação organizacional, haverá vencedores e perdedores. Lidar com
as pessoas que estão confortáveis é fácil. Mas em toda reestruturação há
aqueles que perdem seus empregos ou acabam sendo transferidos para áreas
que não gostam. Essas pessoas merecem respeito e um processo justo. Ser
legal apenas não é suficiente. (...)
- Recrutamento: há
poucas coisas mais agradáveis do que dizer a alguém que foi aprovado no
processo seletivo e conseguiu a vaga de emprego. Infelizmente, para cada
um que é aprovado, há muitos outros que queriam aquele emprego e não
conseguiram. Não é divertido dar o retorno negativo.
- Remuneração é sobre
pagar pessoas pelo que o cargo vale, não o que elas querem. Isso frequentemente
causa desconfortos e tensão. Os profissionais de RH devem aprender a
explicar os fatos e a realidade, não apenas para os empregados em todos os
níveis, mas também para os seus gerentes, que acham que deveriam ser
capazes de pagar mais. As vezes nós somos portadores de ótimas notícias
nesse aspecto, mas mais frequentemente, nós devemos encontrar caminhos de
manter a integridade da estrutura salarial.
- Gerenciamento de talentos é sobre
diferenciar grandes talentos e investir neles mais do que em outros
empregados. Informar a esses talentos individuais que foram selecionados
para treinamentos especiais certamente é algo muito agradável. Mas para
cada talento há muitos outros que não o são, e frequentemente temos que
explicar porque existem essas diferenças nas recompensas.
- Treinamento e Desenvolvimento é sobre
proporcionar os treinamentos que as pessoas precisam, e não o que querem.
- Relações Trabalhistas é sobre
garantir que temos um ambiente de trabalho consistente e justo, não fazer
todos felizes sob suas próprias circunstâncias.
- Cultura é sobre
criar um grande e efetivo ambiente de trabalho, não necessariamente um
ambiente “legal”. Grande e legal não são sinônimos.
É difícil perceber que as percepções comuns
que o RH é um lugar fácil para trabalhar, legal ou divertido, são completamente
enganadas. É lógico, isso pode ser divertido. Mas quando é bem feito, é um
trabalho difícil.
Recentemente eu fiz um contato em uma
conferência. Esse senhor começou sua carreira como um engenheiro aeronáutico,
depois migrou para a área financeira e agora trabalha em RH. Eu perguntei a ele
sobre essa transição para o RH, e eu adorei esse trecho da sua fala:
“Eu fiquei surpreso sobre quão difícil RH
é. Desenhar aviões que não caiam é muito mais fácil que ser gerente de RH.”
Empatia é a chave
Eu acredito que o que os profissionais de
RH realmente precisam não é gentileza, mas empatia. Ou seja, entender e levar
em consideração como as pessoas se sentem. Nós devemos fazer o trabalho, às
vezes duro, que a nossa empresa precisa. Se for feito com empatia, e ajudarmos
outros líderes a terem empatia, isso fará uma grande diferença. Como função, é
esperado de nós notícias difíceis e feedback, ou ajudar outros líderes a darem
feedback. É sempre melhor fazer isso em um caminho empático.
Balanço
Como profissionais de RH, nós devemos
manter tudo isso balanceado se quisermos manter a sanidade. Vida balanceada é
crítico, ou de outra forma isso pode nos sobrecarregar e nos tentar a deslizar
para o agradável para evitar o trabalho duro, o que não é o que a organização
precisa. É importante respirar as vezes e manter isso em perspectiva. Eu amo
meu trabalho, não porque é “legal”, mas porque eu encontro meios de ajudar a
organização a atingir seus objetivos através do capital humano. Isso é estratégico,
mas é uma arte que precisa ser praticada todos os dias para ser bom nisso.
Ajudar e observar as pessoas crescerem é ótimo. Mas ajudar e observar a
companhia crescer com as pessoas é ainda mais importante e recompensador.
Então, se você quer trabalhar em RH, por
favor tome nota do que é realmente importante para o sucesso e tenha certeza
que você quer seguir nessa carreira pela razões corretas. Se você já trabalha
em RH, respire, mantenha a perspectiva e foque no que é mais importante. Tenha
empatia, mas faça a coisa certa e não tenha medo de entregar as mensagens
difíceis.
Se você não é nenhum dos dois, vá dar um
abraço no seu colega do RH e demonstre a apreciação que ele/ela merece.
Brian Walker - um
executivo internacional de Recursos Humanos, com significativa experiência na
América Latina, Ásia Pacífico e Europa. Ele é apaixonado por RH Estratégico, RH
Transformacional e cultura. Brian reside atualmente em Flower Mound, Texas.