Neste mês, saiu uma reportagem na revista Scientific
American que me
saltou aos olhos. O título era “Cynicism May Cost You”,
e fazia menção a duas pesquisas diferentes, uma de 2009 e outra de 2015, que
trazem evidências de que o cinismo e a desconfiança têm um custo financeiro
para as pessoas.
Como estamos passando por um momento econômico particularmente
desafiador, com desemprego, queda de atividade e outras coisas legais (olha o
cinismo aí…), é meu dever profissional procurar qualquer coisa, seja um
investimento, uma atividade ou mesmo alguma atitude que ajude as pessoas a
terem alguma vantagem financeira (obviamente respeitando os limites éticos – e
aqui sem cinismo).
A matéria me chamou a atenção, pois, afinal de contas, se as
pessoas estão perdendo (ou deixando de ganhar) dinheiro por serem cínicas e
desconfiadas, devo chamar a atenção para isso.
Na pesquisa de 2009, foi demonstrado que, num jogo em que as
pessoas emprestavam dinheiro para desconhecidos (que seria pago com juros),
muitos acabaram superestimando o potencial de “calote”, o que reduzia os ganhos
de forma significativa. As pessoas deixavam de ganhar dinheiro por serem
desconfiadas (até aí, eu também faria o mesmo…).
Na pesquisa de 2015 (que não tem relação com a anterior, exceto
pelo “tema”), os pesquisadores conseguiram estabelecer uma correlação negativa
entre os graus de cinismo e desconfiança com a renda: pessoas cínicas têm renda
menor, e os pesquisadores sugerem que isso pode se dever ao fato de que pessoas
cínicas “cooperam menos”.
Porém, aí vem a pegadinha… A pesquisa de 2015, que foi feita em
vários países, demonstrou que, nos países com altas taxas de homicídios e baixa
participação em ações de voluntariado, o cinismo não se correlaciona com a
renda.
Ou seja, pelo visto, aqui no Brasil (um dos países onde mais se
mata, entre outras “qualidades”…), ser cínico não vai deixar ninguém pobre…
(alguma surpresa?)
Quem anda meio desconfiado pode continuar assim… aliás, DEVE
continuar assim.
P.S.:
Eu tinha deixado este tema para escrever num outro momento, mas acabei optando
por desenvolvê-lo agora, pois, no dia em que eu escrevo este texto, um dos
assuntos mais falados na mídia é sobre uma certa figurinha de alta saliência e
exposição pública, que se declarou “a viva alma mais honesta do país” (o timingperfeito).
O cinismo é ou não é a “estratégia dominante” por aqui?
:))))
André Massaro -
escritor, palestrante, consultor financeiro
Fonte: http://exame.abril.com.br/