Planejamento
financeiro é adequado para qualquer pessoa, idade ou faixa de renda
Se engana quem pensa que planejamentofinanceiro é coisa de gente rica. Os benefícios de umbom planejamento são inúmeros e adequados para qualquer pessoa —não
depende da idade, da profissão ou faixa de renda.
Muitos não fazem orçamento e acham que são capazes de
controlar os números de cabeça. Não é bem assim. Basta um exercício de colocar
tudo no papel ou em uma planilha e constatar que estavam enganados.
Quem ganha pouco tende a dizer que não sobra dinheiro.
Com o salário totalmente comprometido com as despesas
recorrentes e algumas voluntárias, não percebe a oportunidade demudar as coisas, repensar a maneira como se relaciona com o dinheiro
e ponderar antes de realizar novos gastos.
PRAZO:
Investimentos devem ser encarados como de médio a longo prazo. Investimentos
com retornos de curto prazo podem ser muito arriscados e levar a prejuízos
Gabriel Cabral/Folhapress
Quem ganha bem tende a gastar muito, sem planejamento
prévio, sem estabelecer prioridades e limites, e acaba cometendo os mesmos
erros dos menos afortunados. Não raramente, recorrem ao caríssimo crédito
rotativo para financiar os excessos de consumo.
A imensa população de brasileiros endividados e
inadimplentes reúne pessoas de várias faixas de renda, demonstrando não ser
esse o fator que determina a capacidade de pagamento das pessoas, mas seu
comportamento, estilo de vida, hábitos de consumo.
O segredo para ficar rico não é ganhar muito, mas gastar
pouco, respeitar limites, fazer escolhas conscientes. Como fazer isso? Com
planejamento, decidindo a destinação de cada parcela do salário.
O primeiro pagamento é seu, destinado a projetos
importantes de longo prazo, como o seu futuro. Transfira para um investimento
no mesmo dia do recebimento do salário, antes que seja envolvido no turbilhão
de despesas que virá na sequência.
Depois, destine parte do salário para a necessária
reserva financeira que permitirá tranquilidade na hora de enfrentar imprevistos
e despesas emergenciais.
Agora que as suas prioridades foram atendidas, calcule o
novo valor disponível e organize os pagamentos, separando as despesas
obrigatórias das voluntárias. Para as obrigatórias, recorrentes e importantes,
não há muito espaço para decidir se vamos ou não pagar, mas podemos
administrá-las.
Comece com as despesas de moradia: aluguel, condomínio,
luz, água, IPTU, manutenção etc. Educação e saúde também são relevantes e
merecem destaque no orçamento.
Alimentação é um item que podemos administrar consumindo
produtos da estação, comida caseira em casa ou no trabalho, e restringindo
refeições fora de casa, quando for necessário apertar o cinto.
Elabore o orçamento conforme o seu perfil de despesas.
As prioridades e a distribuição dos recursos podem diferir bastante de uma
família para outra.
Uma pessoa solteira, um casal sem filhos ou com três
filhos, uma família que acolhe e mantém um ou mais idosos, por exemplo, farão
escolhas distintas, respeitando a importância e a relevância de cada item do
orçamento.
O desafio é pagar tudo com os recursos disponíveis em
cada mês, sem utilizar o limite do crédito rotativo do cheque especial e do
cartão de crédito.
Os gastos voluntários, que podem ser evitados ou
adiados, ficam para o fim da fila.
Uma boaorganização e planejamento há de abrir espaço para o lazer e para as
coisinhas desnecessárias, mas que queremos tanto. Só quando e se sobrar
dinheiro...
Saiba que cerca de 80% das pessoas ricas não nasceram em
berço esplêndido e formaram sua riqueza e patrimônio em uma geração, com muito
trabalho, persistência e decisões financeiras sábias.
Marcia Dessen - Planejadora financeira CFP (“Certified Financial
Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.