A pergunta feita no ano passado, durante o
Congresso anual da Associação de Fundos de Pensão e Poupança para Aposentadoria
do Reino Unido (“Pensions and Lifetime Savings Association”), foi:
Como podemos ajudar as pessoas a poupar o
suficiente?
Ao longo de uma semana os dois grupos criados para
responder o desafio chegaram a três ideias-chave cada um, totalizando seis
sugestões sobre como alcançar esse objetivo.
1. Rebatizar a palavra aposentadoria
Há consenso de que os termos mais comuns usados na
área de previdência complementar não são nada positivos. “Pensão”,
“Mortalidade”, “Aposentadoria por Idade”, “Participante Assistido”, “Benefício
por Invalidez”.
Isso causa uma impressão ruim nas pessoas, então,
uma ideia que surgiu foi banir e rebatizar o termo “aposentadoria” (tradução
livre de pensions em Inglês). Descartar a palavra aposentadoria e mudar
inteiramente a abordagem para passarmos a falar de poupança ao longo da vida,
pode ser um passo na direção correta. Uma forma para dar início a essa
caminhada é incorporando a educação previdenciária no currículo nacional das
escolas.
“Sentimos que poupança ao longo da vida é algo que
precisa ser levado às escolas e fazer parte do currículo de educação. É
importante fazermos os jovens falarem sobre poupar e tornar a poupança algo
divertido. Penso que levar isso para as escolas é a melhor maneira de começar”,
apontou um participante de uma das equipes.
2. Contribuição Compulsória
A segunda ideia foi tornar compulsórias as contribuições
para a previdência complementar, com um mínimo de 10% do salário logo que
entrarmos no mercado de trabalho.
“Todo mês são deduzidos dos nossos salários
impostos federais e contribuições para o INSS e por mais que todos se queixem,
essa é a regra, então nós nos conformamos, nós aceitamos e na maior parte do
tempo nem pensamos sobre isso. Se todo mês tivermos contribuições compulsórias
deduzidas dos nossos salários, eventualmente isso vai se tornar a norma e
quando finalmente nos aposentarmos todos vão ficar felizes por isso ter sido
obrigatório”, disse outro membro das equipes.
3. Painel de Controle Unificando a Poupança para
Aposentadoria
Outra ideia foi criar um sistema que reunisse em um
único lugar todas as fontes de renda para a aposentadoria. Considerando o
sucesso dos serviços bancários móveis, uma equipe sugeriu a criação de um
aplicativo simples onde “você tivesse em um único painel de controle
(dashboard) todas as suas poupanças/economias voltadas para a aposentadoria”.
Apesar da equipe nunca ter ouvido falar antes de um
app de previdência desse tipo, ela se baseou na ideia de um aplicativo que não
apenas permitisse às pessoas enxergarem em um só lugar todas as suas economias
e fontes de renda, mas também permitisse às pessoas consolidar ou transferir
essas economias entre as alternativas existentes.
4. Programa de Fidelidade da Previdência
Outra das equipes também considerou a ajuda que a
tecnologia pode fornecer às pessoas para fazê-las economizar mais. A ideia
central deles foi um sistema de fidelidade voltado para previdência.
Eles consideraram um cartão para acumulação de
pontos para troca por recompensas. Nos moldes daqueles adotados nos programas
de milhagem de companhias aéreas e cartões de crédito que convertem pontos em
produtos ou serviços.
Ao invés de receber os pontos daquela forma, a
pontuação poderia creditar fundos adicionais em nossos planos de previdência ou
contas de poupança.
“Os montantes acumulados nos programas de
fidelidade equivalem a uma soma de dinheiro que vale muito a pena. Podem chegar
a cerca de R$ 500 por mês por pessoa”, frisou um membro da equipe.
5. Educação Previdenciária em três etapas
A importância da educação financeira foi enfatizada
por mais de uma equipe. A ideia, dessa vez, foi centrada em um programa de educação
em três estágios-chave ao longo da vida: (i) imediatamente após a formação
acadêmica; (ii) no momento em que a pessoa se tornar um novo empregado; e (iii)
quando começar uma família.
“Acreditamos ser preciso ensinar como funciona a
previdência, o que é um plano de aposentadoria, quanto você precisa poupar para
ter uma boa qualidade de vida no futuro. Nós não aprendemos isso, somos
educados em terminologia financeira porque existe um estigma com a palavra
aposentadoria. Se você mencionar a palavra aposentadoria para alguém na nossa
geração nós levantaremos uma barreira para o assunto, mas é apenas um jargão.
Precisamos ser educados em termos leigos, assim nos sentiremos confiantes em quanto
investir para nosso futuro e em qual idade”.
6. Permanência Mínima nos Planos de Previdência
A última ideia foi só permitir que as pessoas
desistam de um plano de previdência complementar depois de seis meses da
adesão. Na opinião deles, esse é o tempo suficiente para as pessoas obterem
maior entendimento sobre seus investimentos voltados para a aposentadoria.
Assim, poderiam enxergar melhor os benefícios de contribuir com uma percentagem
de seus salários a cada mês.
Em última instância, ambas as equipes destacaram a
necessidade de quebrar as barreiras entre as gerações mais jovens e os planos
de previdência. Aumentando a educação previdenciária e usando termos mais
simples, os poupadores se sentirão menos alienados sobre o assunto
aposentadoria sendo mais provável que permaneçam em seus planos de previdência
complementar.
A introdução da tecnologia para auxiliar na
consolidação da poupança previdenciária poderá ajudar a assegurar que a
poupança para a aposentadoria esteja em primeiro plano nas mentes das pessoas e
não que seja apenas algo a considerar no estágio final da vida.
Concluindo o desafio, foi pedido que a audiência do
Congresso votasse nas seis ideias. A ideia número 2 – poupança compulsória ao
longo da vida – foi a ideia mais votada e ganhou das demais com 30% dos votos.
Se num país que prima pela liberdade de escolha a
compulsoriedade da previdência complementar foi escolhida como solução, anotem
aí, veremos isso implantado por aqui ainda em nossa vida ativa.
Eder Silva - Principal Wealth – Expansion
Leader – Mercer Brasil