Para
os aficionados em tecnologia, robôs podem ajudar muito na hora de investir
Atividades como consultoria devalores mobiliários, análise de investimentos, administração de
carteiras e automação de ordens estão sendo oferecidas por meio de sistemas
automatizados, os “robôs de investimento”.
Na Carta ao Investidor do 1º trimestre deste ano,
Guilherme Tadiello, inspetor da Superintendência de Supervisão de Riscos
Estratégicos da CVM,
esclarece alguns aspectos.
Os robôs deinvestimentos utilizam algoritmos para traçar o perfil e gerir o
patrimônio do investidor, recomendar uma carteira de ativos ou o momento de
entrar ou sair de determinada posição e até mesmo operacionalizar o envio e o
cancelamento de ordens aos sistemas de mercados organizados. Os serviços podem
ser divididos em duas categorias amplas: robo-advisor e robo-trader.
No caso dos robo-advisors, o investidor responde a um
questionário para avaliar seu perfil; os dados são processados por algoritmos e
mecanismos de inteligência artificial para definir as melhores opções de
carteira.
Essa categoria se subdivide em duas: robô consultor e
robô de gestão. A principal diferença entre eles é que, no primeiro caso, o
robô apenas sugere e o cliente implementa a carteira de ativos. O robô gestor
recomenda, executa os investimentos e rebalanceia a carteira automaticamente.
O robô-trader, ou robô de ordens, é uma ferramenta para
automatizar estratégias que tentam identificar oportunidades de ganho com a
flutuação de preço de ativos negociados em Bolsas de Valores.
O robô de ordem é capaz de decidir o momento de entrar e
sair de uma posição e de enviar as ordens e cancelamentos, sem necessidade de
intervenção humana.
A diferença entre um robô gestor e um robô de ordens é
que o primeiro é voltado a investimentos de médio e longo prazo de acordo com o
perfil do cliente traçado pelo algoritmo, de forma personalizada. Já o segundo
concentra-se em estratégias de curto prazo, especialmente day-trade.
Antes de contratar os serviços de um robô de
investimentos, o investidor deve verificar se o prestador de serviço é
registrado na CVM. Acesse o site da autarquia e utilize o nome ou CNPJ da empresa.
O investidor deve ficar atento a expressões que indiquem
ou sugiram “renda certa”, “rentabilidade fixa” ou “garantida”, ou percentuais
fixos de ganho, que podem ser sinais de fraude.
Projeções não realistas, como essas, induzem
investidores a erros de avaliação na sua decisão de investimento, por levá-los
a crer na realização certa de ganhos com operações que, por sua própria
natureza, estão sujeitas a riscos e cujo retorno será sempre incerto.
Os robôs de ordens geralmente utilizam estratégias
baseadas em análise técnica e fazem day-trade, operação em que o investidor
compra e vende o ativo no mesmo dia visando lucro.
Ainda que a utilização de robôs de ordens com
estratégias automatizadas elimine certos vieses humanos, com decisões tomadas
de forma objetiva, sem emoções, não há estudos que indiquem que, para pessoas
físicas, tais robôs ofereçam lucratividade maior.
No caso dos robo-advisors, o investidor deve estar
atento não apenas às taxas cobradas pelo robô mas também às taxas de
administração dos fundos alocados na carteira definida e outros custos.
Em alguns casos, os questionários aplicados por robôs
consultores ou gestores não capturam algumas características humanas, traços de
comportamento ou situações pouco usuais, necessárias para classificação em
determinado perfil de risco, expondo o investidor a risco maior do que seria
apropriado ao seu perfil.
Marcia Dessen - Planejadora financeira CFP (“Certified Financial
Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.
Fonte: coluna jornal FSP