É possível ganhar mais que a Selic
ou o CDI sem sair do mercado de renda fixa.
Em
relação à percepção de ser uma aplicação segura, vale lembrar que os títulos de
renda fixa são títulos de crédito, um empréstimo que o investidor faz ao
emissor do título —portanto, exposto à possibilidade de calote em maior ou
menor escala.
Como
gerenciar esse risco? Títulos públicos são considerados livres do risco de
crédito, os emitidos por instituições financeiras são garantidos pelo FGC, e os
demais não são protegidos.
Em
relação ao desejo de fixar a rentabilidade, existem duas opções: as aplicações
de taxa pós-fixada, que pagam certo percentual da Selic ou do CDI, e os títulos
de taxa prefixada, desde que mantidos até o vencimento.
A
Letra Financeira do Tesouro (Tesouro Selic) paga 100% da taxa Selic e oferece liquidez
diária. Títulos emitidos por instituições financeiras, como CDB, LCI e LCA, pagam
determinado percentual do CDI e podem ser negociados com ou sem liquidez. O
investidor não sabe quanto vai ganhar em termos absolutos, mas sabe que ganhará
um percentual da taxa de referência, seja ela qual for.
Aos
investidores que querem ganhar um pouco mais sugiro conhecer e avaliar
alternativas de taxa prefixada, lembrando que, para evitar surpresas, devem
esperar o vencimento do título. Antes dessa data, o valor é definido pelo
mercado, e não pela taxa fixada no dia da compra.
A
Letra do Tesouro Nacional 2023 (Tesouro Prefixado) pagava 4,63% ao ano em
20/5/2020. Um título inteiro, com vencimento em 1º/1/2023 e valor de resgate de
R$ 1.000,00, custava R$ 888,53. O Tesouro Prefixado 2026, com rentabilidade de
7,20% ao ano, custava R$ 676,97 para resgatar R$ 1.000,00 em 1º/1/2026.
Para
os recursos destinados a aplicações de longo prazo que buscam proteção contra a
inflação, a Nota do Tesouro Nacional série B (Tesouro IPCA+) é a opção mais
adequada. A NTN-B 2035, com vencimento em 15/5/2035, pagava juros de 4,42% ao
ano acima da variação do IPCA. A NTN-B mais curta, com vencimento em 2026,
juros de 3,33%.
Títulos
privados, emitidos por instituições financeiras e não financeiras (debêntures),
com rentabilidade superior à 100% do CDI, estão disponíveis nos bancos e em
plataformas de investimentos. Nesse caso, é preciso analisar o risco de crédito
do emissor e, também, a possibilidade de manter o título até o vencimento.
Quem
não quiser correr risco de crédito deve optar por aplicações garantidas pelo
FGC (Fundo Garantidor de Créditos), observado o limite, analisando
cuidadosamente a aquisição de títulos privados emitidos por empresas não
financeiras que não contam com essa garantia.
Se
a possibilidade de resgate antes do vencimento for desejável, aplicações de
taxa prefixada devem ser evitadas. A liquidez, mesmo que disponível, será
oferecida conforme condições de mercado, sendo desprezada a taxa contratada.
Aplicações
em fundos de investimento e planos de previdência, inclusive os de renda fixa,
não têm vencimento e estão expostas à flutuação de preços. O cotista compra e
vende as cotas ao preço do dia, não sendo possível predeterminar o vencimento e
o valor de resgate.
Diversifique,
invista um pouco em cada modalidade de aplicação, respeitando seus objetivos de
investimento, perfil de risco, horizonte de tempo e necessidade de liquidez.
Marcia Dessen - planejadora financeira CFP (“Certified Financial
Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.
Fonte: coluna jornal FSP