O que significa segurança na internet?
Cada vez mais,
debates combinam resiliência a riscos com chance de aproveitar oportunidades
As discussões sobre segurança na internet vêm
deixando para trás uma abordagem unicamente protetiva para contemplar também o
fortalecimento dos usuários, por meio do desenvolvimento de habilidades que
permitam aproveitar as oportunidades abertas pela rede.
Essa combinação é muito
bem-vinda. Não só por reconhecer o lado positivo da conectividade, mas por dar
à sociedade mais resiliência para enfrentar riscos que ainda podem surgir.
Em um mundo em constante transformação, no qual
novos aplicativos e ferramentas digitais surgem quase diariamente e a inteligência artificial torna-se
mais acessível, faz sentido imaginar que os desafios também tendem a crescer
—sem que, necessariamente, contem com respostas de proteção na mesma
velocidade.
Assim, falar em segurança na internet demanda um
olhar abrangente e a participação de múltiplos agentes, públicos e privados.
Tanto ações imediatas quanto legislações bem
construídas são imprescindíveis para o enfrentamento de situações gravíssimas
que ganham escala na internet, como pornografia infantil e
outros crimes deploráveis.
Paralelamente, iniciativas de educação digital e
midiática podem capacitar a população, principalmente crianças
e adolescentes, a fazer um uso mais consciente, crítico e responsável dos
ambientes digitais. É com a combinação de esforços que a internet melhora.
O Dia da Internet Segura,
celebrado esta semana, é um momento oportuno para reflexão sobre o papel de
cada um de nós nessa jornada.
Em evento organizado por Safernet Brasil, NIC.br
e CGI.br em torno da data, educadores, formuladores de políticas públicas e
outros especialistas também destacaram o caráter coletivo da missão de tornar a
internet um ambiente melhor.
A data é lembrada todos os anos, em fevereiro, e
conta com o envolvimento de mais de 200 países com o objetivo de "envolver
e unir os diferentes atores, públicos e privados, na promoção de atividades de
conscientização em torno do uso seguro, ético e responsável das tecnologias de
informação e comunicação nas escolas, universidades, ONGs e na própria
rede", de acordo com o próprio site.
Informações divulgadas no evento (a partir das
bases de dados das pesquisas TIC Kids Online e TIC Domicílios, que mapeiam a
presença e os usos das tecnologias digitais) mostram um crescimento acentuado
na proporção de crianças usuárias de
internet no Brasil.
No ano passado, 44% das crianças de 0 a 2 anos usavam a
internet, 71% na faixa de 3 a 5 anos e 82% entre 6 e 8 anos —fatias bem
superiores a 9%, 26% e 41%, respectivamente, nove anos atrás.
É preciso considerar as faixas etárias e
os diferentes contextos para criar e implementar ações de proteção eficazes.
Em
algumas situações, isso pode significar o banimento de dispositivos em certos
ambientes; em outras, seu uso mediado e consciente para o desenvolvimento de
criticidade e responsabilidade.
De qualquer modo, contribuir para que a internet
seja um ambiente mais saudável, seguro e promotor de direitos precisa estar no
radar de toda a sociedade.
Daniela Machado - coordenadora do EducaMídia, programa de educação
midiática do Instituto Palavra Aberta