Brasil ao cubo


Uma das boas histórias do Brasil nestes tempos difíceis é o crescimento de empresas voltadas à inovação tecnológica.

O país não só atrai cada vez mais investimentos nessa área de start-ups como já é uma das maiores economias digitais e "mobile" do planeta. E é por aí que o mundo avança. O Brasil está entre os primeiros mercados nacionais nos rankings do Google, do Facebook, do Uber e do Twitter. E o mercado brasileiro é tudo isso só com metade da população conectada à internet. Há muito espaço para avançar.

O Brasil cresce digitalmente. O site "TechCrunch", Bíblia do setor, saudou no final do ano passado a abertura do Cubo em São Paulo como o maior espaço de "coworking" depois do Civic Hall, megaprojeto de Nova York.

O Cubo é uma parceria entre o Itaú e o fundo de investimentos americano Redpoint, que ergueu na paulistana Vila Olímpia um prédio enorme e ambicioso, com mais de 5.000 metros quadrados dedicados a apoiar iniciativas de start-ups e congregar o povo do setor.

A maior empresa de internet do mundo, o Google, também escolheu São Paulo para criar um centro de desenvolvimento de start-ups –o Campus São Paulo. Ele é parte de uma rede de campi já instalados em cidades inovadoras ao redor do mundo, como Londres, Madri, Seul, Tel Aviv e Varsóvia. Foi no campus de Tel Aviv, por exemplo, que nasceu o popular aplicativo de trânsito Waze.

A Telefônica Vivo é outra empresa global que está montando uma estrutura no Brasil para atrair empreendedores tecnológicos –além de criar seu próprio centro, o Wayra, ela deve também atuar junto a ambientes de "coworking" já existentes em diferentes cidades.

Empresas de investimentos estrangeiras, como a Redpoint, e brasileiras, como a e.Bricks, já criaram estruturas de investidores experientes e atentos às oportunidades que surgem num mercado com tantos talentos, recursos e potencial.

Quando esta crise passar, e ela vai passar, o mercado de consumo brasileiro seguirá sendo um dos maiores do mundo, com empresas mais resistentes. A crise acelera a busca por soluções inovadoras, que eliminam fraquezas e aumentam a produtividade. E geralmente é essa a proposta das novas tecnologias –entregar serviços mais eficientes a custo menor, otimizando o potencial disponível.

Esta é era de David desafiando Golias.

Estudos feitos nos Estados Unidos mostram que recessões têm tido impacto menor em empresas novas do que nas empresas em geral. Mostram ainda que muitas das maiores empresas listadas nas Bolsas americanas hoje nasceram em períodos de dificuldades econômicas. Isso vale também para o ambiente empresarial do Brasil.

Outra coisa que cresce por aqui é a abertura de micro e pequenas empresas. Muitas são abertas por trabalhadores experientes e treinados, que perderam o emprego e agora estão dispostos a empreender.

Entre as fontes de energia renovável mais abundantes do Brasil, o empreendedorismo é a mais capilar, poderosa e transformadora. Agora, ele está sendo potencializado por investidores que se chamam anjos e empresas que se chamam incubadoras.

Dessas verdadeiras maternidades empresariais estão nascendo as próximas grandes empresas brasileiras. 

Nizan Guanaes - publicitário e presidente do Grupo ABC, articulista no jornal Folha de São Paulo.

Fonte: Jornal FSP

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