Aprendizado constante: a habilidade mais importante
de um profissional
A transformação impulsionada pela digitalização é
um movimento que tem mudado completamente a forma como interagimos, trabalhamos
e aprendemos.
A pandemia acelerou o ritmo das coisas e avançamos
pelo menos duas décadas nesses últimos meses.
Mas a verdade é que esse tem sido
o curso natural na economia atual. A velocidade da inovação está maior do que
nunca.
Para se ter uma ideia, segundo a IBM, 90% dos dados
do mundo foram produzidos nos últimos 10 anos.
E o ritmo continua veloz: de
acordo com o IDC, o volume de dados dobra
a cada dois anos, o que nos traz muitas oportunidades. Mas como detectar essas
possibilidades e estar preparado para aproveitá-las em um mundo que está em
constante mudança?
O futuro já chegou
Um ponto importante é compreendermos que buscar o
conhecimento será a única maneira das pessoas se manterem ativas e se
reinventarem.
Na Era Digital, as inovações são superadas
rapidamente. O que é relevante hoje, pode estar ultrapassado amanhã. Faz parte
do jogo.
Uma pesquisa do Programa Internacional de Avaliação
dos Estudantes (PISA), apontou que aproximadamente 40% das ocupações descritas
como ‘empregos dos sonhos’, por jovens de 15 anos, possivelmente serão
automatizadas nos próximos 10 a 15 anos.
Outro estudo da Mckinsey indica que até
2030, até 40% dos trabalhadores, em países desenvolvidos, podem precisar mudar
de ocupação ou atualizar as suas habilidades.
A boa notícia é que muitas outras profissões serão
criadas – fora as muitas que vimos despontar na última década, como por exemplo:
analista de mídias sociais, profissionais de SEO, especialista em
cibersegurança, entre outros.
O Fórum Econômico Mundial identifica que a
tecnologia está presente nas principais oportunidades de novas ocupações
profissionais. Mas não só elas.
Um aspecto que se destaca é o fator humano e
social, principalmente na necessidade de relacionamento interpessoal, produção
de conteúdo, habilidade para interpretação e atendimento.
A busca por reaprender a aprender
O fator-chave nesse cenário é reaprender a
aprender. Buscar o aprendizado contínuo engloba estar aberto ao novo
o tempo todo.
Conhecimento nunca é demais, e não atualizá-lo nos mantém
estagnados ao que aprendemos.
Lembra que o mundo está mudando rapidamente e
ninguém quer ficar no mesmo lugar para sempre, não é mesmo?
Para isso,
primeiro, precisamos aceitar que a mudança é uma constante. Assim eliminamos um
pouco daquele medo natural que temos do inesperado.
Outro passo é entendermos que aprender instiga a
nossa curiosidade e ajuda a mudar a forma como encaramos o mundo.
O processo de
aprendizagem deve nos acompanhar ao longo da vida e não ter um
determinado período para acontecer. Ele pode ser amplo, diversificado e
desconectado da sala de aula.
Os cursos tradicionais são relevantes porque muitas
vezes aprendemos mais na troca com os colegas de turma do que com o conteúdo.
Ainda mais hoje, em que a interação foi potencializada pelos canais digitais e
a troca de experiências não fica restrita ao horário da aula.
Você se interessa por novas ideias e descarta
conceitos obsoletos, é um ciclo.
Ao encarar o cotidiano com essa nova
percepção, aprender torna-se mais natural e um exercício que passa a fazer
parte das relações interpessoais. Aprendemos com os nossos colegas de trabalho,
fornecedores, clientes, amigos e familiares.
Todos são capazes de nos ensinar e nenhum
conhecimento é em vão.
Porém, em tempos de canais digitais, o aprender também
exigirá uma curadoria de valor para selecionar conteúdo relevante em meio à
imensidão de informação sem embasamento ou pouco objetiva disponível.
O caminho
é buscar fontes confiáveis – seja um profissional com uma trajetória
reconhecida ou um especialista com experiência comprovada em determinado
assunto.
Segundo o matemático e filósofo francês Blaise
Pascal, o aumento do conhecimento é como uma esfera dilatando-se: quanto maior
a nossa compreensão, maior o nosso contato com o desconhecido.
Ou seja, quanto
mais sabemos, mais nos damos conta de quanto ainda há para aprender. E, em um
mundo que se transforma tão rapidamente, isso pode ser assustador ou
estimulante. Eu escolho a segunda opção.
Múltiplas formas de aprender
Ao longo da minha carreira como executivo e
empreendedor, busco aprender o tempo
todo e sempre fico feliz quando tenho a oportunidade de estar
em contato com o novo e de me reinventar.
O meu conhecimento veio de diversas
fontes – livros, cursos, viagens –, mas principalmente de quem está comigo no
dia a dia, dividindo experiências e fazendo o diferente.
Estar disposto a mudar a minha forma de pensar
quantas vezes for necessário foi o jeito que encontrei para trilhar a minha
trajetória nos negócios e na vida pessoal.
Se tudo muda muito rápido e o tempo
todo, ser capaz de aprender e se reinventar é mais do que diferencial
competitivo, é a única forma de se manter relevante.
Jorge Santos Carneiro - formado em administração pela Universidade do Porto,
em Portugal, é presidente da ao³, marca que nasceu após a compra da operação
brasileira da britânica Sage – onde atuou por mais de 20 anos e foi presidente no
Brasil e América Latina.