Brasil vive epidemia de ataque virtual
Uma
das razões para isso é o aumento no uso de redes sociais durante a pandemia.
A crise da Covid-19 apressou por necessidade
processos de transformação digital e fez crescer também um outro problema. Há
uma verdadeira epidemia de ataques virtuais acontecendo,
incluindo plataformas como Whatsapp e Instagram.
Uma das razões para isso é o aumento no uso das plataformas digitais. Durante a
pandemia o Whatsapp teve um aumento de uso de 40%, de acordo com dados da consultoria
Kantar. Em alguns mercados, como a Espanha, o uso aumentou 76%.
Entre usuários de 18 a 34 anos, houve também
aumento de 40% no uso do Facebook e do Instagram.
Com mais tempo online em casa e sem as proteções
que em geral as redes corporativas possuem para quem trabalha em escritório, a
"superfície" de ataque aumentou consideravelmente.
Por conta disso, é
muito provável que você tenha algum conhecido ou familiar que teve sua conta de
Whatsapp hackeada nos últimos dias.
A forma
como esse ataque acontece é variada. Um dos métodos se aproveita de uma falha
no Whatsapp Web, enviando um falso contato para a o usuário. Para resolver esse
tipo de ataque a providência é simples: atualize seu aplicativo do Whatsapp
imediatamente.
Outro tipo de ataque usa a chamada "engenharia
social", isto é, a famosa falha humana.
A partir de uma
conta de Whatsapp ou Facebook já hackeada ou por meio de mensagens de SMS
enviadas para o número da pessoa, o atacante se coloca como um amigo precisando
de ajuda.
Ele diz estar tendo dificuldade para receber um código no seu
celular, e pede ajuda para você mandar o código para ele.
A partir daí, ele pede para o Whatsapp enviar um
código de verificação para a vítima, que achando que está falando com uma
pessoa em quem confia, acaba encaminhando o código. Ao fazer isso, o atacante
usa o código para ter acesso à conta da vítima.
A partir daí, passa a analisar os contatos mais
frequentes daquela conta e a enviar mensagem com golpes pedindo dinheiro ou
tentando angariar mais contas hackeadas.
É um método bastante rudimentar de
ataque, mas que tem sido eficaz.
Outro ataque parecido tem acontecido no Instagram,
tendo por alvo contas verificadas (aquele selinho azul). Várias celebridades no
Brasil foram vítimas desse golpe nas últimas semanas.
O atacante usa uma conta verificada hackeada para mudar o nome
dela para "Suporte do Instagram".
A partir daí, manda mensagem para
outras contas, verificadas ou não, dizendo que está fazendo um processo de
oferta ou renovação do selo azul, mandando um link com informações que o
usuário precisa preencher.
Como o hacker tem selo azul, acaba convencendo as
pessoas a mandá-lo. Usa então essas informações para assumir a conta da vítima.
As
lições desses casos são úteis. Primeiro, sempre acione o segundo fator de
autenticação em todas suas contas. Se tiver um terceiro fator (como o número
PIN no Whatsapp), acione também.
Além disso, vale lembrar que, na internet, não
existe ainda nenhum sistema de verificação de identidade massivo. Por isso, não
dá para confiar em praticamente nada.
Mesmo
quando alguém te escrever com um selo azul ou conta verificada, desconfie.
Ronaldo Lemos - advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e
Sociedade do Rio de Janeiro.
Fonte: coluna jornal FSP