Os
desafios globais que alunos e docentes enfrentam nas metodologias de avaliação
do ensino, durante a pandemia do novo coronavírus, foram tema do primeiro
painel do XII Encontro de Coordenadores e Professores do Curso de Contábeis
(ENCPCCC), nesta quarta-feira (30). Para isso, o evento virtual, que é
realizado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) em parceria com a
Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon), contou com a
participação de contadores da Associação Interamericana de Contabilidade (AIC)
e da Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês).
Embora
a crise seja sanitária, os impactos da Covid-19 alcançam todos os setores,
inclusive o de ensino. Segundo o presidente da Comissão de Educação da AIC,
Mário Diáz, só na América Latina, 23,4 milhões de estudantes — 98% do total —
foram diretamente impactados, além de 15 mil instituições de ensino superior e
1,4 milhão de docentes.
As
transições do modelo presencial para o virtual trazem vantagens e desvantagens.
Díaz explica, por exemplo, que “o ensino a distância possui custo elevado, traz
maior dificuldade em avaliar as habilidades de alto nível e exige treinamento
para professores e grande organização de todas as partes envolvidas na
avaliação. No entanto, as vantagens são refletidas na economia do tempo, na
redução dos recursos necessários para aprendizagem, numa maior facilidade do
uso de dados e no conforto, uma vez que os participantes podem estar em casa
realizando suas tarefas”.
Os
modelos de avaliação virtual são divididos em três categorias. A primeira delas
é a avaliação automática, que traz teste com resposta imediata. Embora seja um
aporte pedagógico importante, essa forma não permite uma comunicação ao vivo
entre o professor e o aluno. A segunda modalidade é a avaliação do tipo
enciclopédica, que se dá por meio de monografias, artigos, etc., mas pelo uso
da internet também facilita o plágio. E, por último, uma avaliação colaborativa
com fóruns, debates e grupos de trabalho, na qual é possível acompanhar tanto o
processo do desenvolvimento das atividades quanto o resultado delas.
Para o
professor e representante do CFC na Ifac, Fábio Moraes, dos novos desafios
também surgem as novas oportunidades. Ele explica que as carreiras precisam se
adaptar, levando em consideração as novas tendências mundiais. “A evolução do
aprendizado é contínua e as transformações das habilidades também. É nesse
cenário que acredito que estamos há alguns anos, mas que a pandemia acelerou.
Antes dela, nós já tínhamos um debate amplo sobre como a 4ª Revolução
Industrial afetaria os modelos de negócios, as empresas, a educação e a própria
profissão. Mas, agora, ela vem sendo aprofundada cada vez mais”, explica.
No
sentido educacional, Moraes acredita que “a educação deve mudar-se para
sistemas híbridos. Uma mescla dos modelos presencial, a distância (aulas
gravadas) e telepresencial síncrono, ou seja, em tempo real pela internet. Sem
que haja exclusão de algum modelo em detrimento do outro.”
Para o
integrante da Comissão de Acompanhamento de Ensino Superior do CFC e da
Comissão Técnica de Educação da AIC, Marco Aurélio Gomes, desde março a
Associação vem debatendo a docência em tempos de Covid-19. “Nós percebemos que
existem desafios para estudantes e professores em todos os países do mundo,
além de uma realidade mais complexa para os qu os que vivem no Caribe e na
América Latina”.
Uma
pesquisa da AIC com instituições de ensino superior e estudantes demonstrou
que, no Brasil, as maiores dificuldades para se implementar cursos a distância
são a qualidade insuficiente das conexões à internet (41%), a falta de
capacitação do corpo docente para a modalidade virtual (30%) assim como a do
próprios estudantes para esse tipo de ensino (28%).
Ainda
no panorama brasileiro, cerca de 50% dos estudantes estão
satisfeitos com a modalidade de docência virtual, contra 31% que estão
totalmente insatisfeitos, número representativo e que merece atenção, segundo
os especialistas. Na categoria “Como se sentem”, as principais respostas foram
as opções: ansiosos, cansados e preocupados.
Entre
os projetos que contribuirão nessa área, a AIC está desenvolvendo a Rede
UniversAIC, que irá integrar professores e alunos, entre os países membros das
associações, para favorecer o intercâmbio intelectual e a possibilidade de
estudo conjunto.
A presidente
da AIC e da Abracicon, Maria Clara Bugarim, que atuou como mediadora do evento,
afirmou que também está trabalhando para que haja um alinhamento da matriz
curricular dos cursos de Ciências Contábeis da região das Américas e Caribe. “A
ideia é possibilitar que os nossos alunos migrem para países vizinhos para
atividades de ensino, da mesma forma que os nossos docentes”, finalizou.
Fonte:
Conselho Federal de Contabilidade