Obra no San Francisco Museum of
Modern Art (SFMOMA), que criou campanha via mensagem de texto
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O Museu de Arte Moderna de San Francisco criou uma campanha muito legal para levar
sua grande arte ao grande público pela via mais popular de comunicação hoje: o
texting (o envio de textos por nossos telefones).
Como toda boa campanha, ela é muito simples. Basta
você enviar uma mensagem de texto a um determinado número de telefone do museu
com a frase "send me..." (me mande) seguida de uma palavra, uma cor
ou um emoji. Os curadores do museu lhe enviam uma obra de seu acervo
correspondendo ao seu desejo.
O "New York Times" noticia que, depois de algumas
semanas no ar, a campanha viralizou, com mais de 2 milhões de mensagens
enviadas só na semana passada.
Esse uso da conectividade ubíqua de nossos dias
para um fim tão nobre (difundir a arte) mostra o verdadeiro potencial desta era
da comunicação total. Mas não está dado que ela nos trará uma
era de grande desenvolvimento humano.
Eu acredito que, quanto mais comunicação, mais
desenvolvimento.
Nossa incrível e expansível capacidade de comunicar
é um dos principais ativos da humanidade. Mas vemos cada vez mais a comunicação
sendo canalizada para difundir sentimentos agressivos, discriminatórios,
negativos.
É inegável o interesse humano por histórias
negativas —como se diz na imprensa americana: "Bad news, good news".
Mas é inegável também o interesse por histórias
edificantes e construtivas. Hollywood, afinal, conquistou o mundo com seus
indefectíveis "happy endings". E quem não sentia conforto ao ouvir na
infância "e viveram felizes para sempre..." ao final das histórias?
Várias histórias no mundo hoje podem não ter final
feliz. Até porque as redes sociais, cada vez mais poderosas e influentes, estão
sendo tomadas pela promoção do ódio, dos conflitos, das diferenças.
Mas a interação efetiva e surpreendente que um
museu de arte sofisticado como o de San Francisco estabeleceu com o público
mais amplo é mais uma mostra do potencial imenso de promover o bem digitando
mensagens.
O museu não imaginou que fosse distribuir tantas
obras de arte e estabelecer uma conexão tão profunda com o público. Arte
moderna não é dos temas mais populares nas nossas trocas de mensagem.
Não era.
Com inteligência e, principalmente, emoção, o
SFMOMA, em San Francisco, ali pertinho do Vale do Silício, linkou obras de arte
escondidas em seu imenso acervo aos sentimentos atuais das pessoas usando a
tecnologia mais acessível de todas hoje em dia —o texting.
O museu tem quase 35 mil peças em sua coleção, mas
só consegue exibir fisicamente em suas instalações cerca de 5% desse total.
Com a campanha, a instituição tirou do armário
obras que levariam décadas para serem exibidas a um público reduzido. E as
expõe com um gancho ainda mais relevante: a emoção de cada pessoa, que envia
sua mensagem pedindo algo que ela realmente deseja ver naquele momento.
A maioria dos pedidos que chegaram ao museu são de
sentimentos positivos, segundo seus curadores, como "me mande
flores", "me mande amor", "me mande felicidade".
"Tristeza" também é um dos hits. Na parte dos emojis, os campeões são
o robô, o coração, o arco-íris... e o montinho de cocô.
Não faltam iniciativas do bem como essa
proporcionadas pela toda poderosa alavanca digital. Talvez elas só precisem
aparecer mais. "Good news, good news".
Nizan Guanaes - publicitário baiano, é dono
do maior grupo publicitário do país, o ABC.
Fonte: coluna jornal FSP