Importante manter dinheiro disponível


Importante manter dinheiro disponível

Liquidez, dinheiro em caixa, é essencial para atravessar tempos difíceis e incertos

Tempos difíceis, renda escassa, despesas fixas e constantes, desafio nada pequeno, nem simples, para fechar o orçamento das famílias e dos pequenos negócios.

Para enfrentar situações como essa e assegurar a sustentabilidade financeira, é essencial ter dinheiro em caixa ou ativos líquidos, que podem ser vendidos com facilidade e transformados em dinheiro, pelo preço justo.

Sim, estamos falando da necessária e bendita reserva financeira que nos permite enfrentar tempos difíceis. Sim, estamos falando de liquidez.

Após meses de restrições, a delicada situação financeira se complica neste início de ano, com a chegada de tributos, como o IPVA e o IPTU, de despesas excepcionais realizadas nas datas comemorativas de final de ano, matrícula escolar, reajuste de planos de saúde, entre outras.

Em situação normal, coisa que não temos no momento, eu recomendaria pagar os impostos à vista, visando o benefício do desconto de 3%. 

Superior à taxa básica de juros, parece ser um bom negócio, a princípio. 

Entretanto, se os recursos da reserva financeira forem utilizados para realizar todos esses pagamentos, ela pode ficar reduzida a um nível perigoso.

Se houver dinheiro sobrando, excelente, aproveite o desconto e pague à vista. 

Se a reserva for discreta, suficiente para apenas alguns poucos meses de orçamento familiar, avalie manter a liquidez e parcelar os tributos estaduais e municipais, sem a incidência de juros.

Supondo que a rentabilidade líquida da aplicação desses recursos financeiros seja de 2% ao ano, deixamos de ganhar 1%, em um ano, ao optarmos pelo parcelamento.

Esse é o custo de oportunidade para manter o caixa, evitando contratar um empréstimo ou financiar a fatura do cartão de crédito, muitas vezes mais caro.

O dinheiro da reserva deve ser investido em modalidades de aplicações seguras e líquidas, provavelmente menos rentáveis, mas é assim que deve ser, privilegiando a liquidez, fundamental para complementar o fluxo de caixa sempre que necessário.

As aplicações indicadas são as de taxa pós-fixada que remuneram taxa Selic ou CDI. Tesouro Selic, CDB com taxa de 100% do CDI e liquidez diária, fundo DI sem taxa de administração, conta digital remunerada e conta-poupança são as opções de investimento mais adequadas.

A rentabilidade será próxima à taxa de juros básica, seja ela qual for. 

O dinheiro da reserva não deve ser aplicado em operações potencialmente mais rentáveis, porém voláteis e sujeitas a riscos. A rentabilidade esperada pode levar meses ou anos para acontecer.

Ao observarmos o desempenho de 2,92% do Ibovespa acumulado em 2020, por exemplo, podemos ter a falsa impressão de que foi uma aplicação tranquila que rendeu um pouco acima da taxa de juros. Ledo engano.

No primeiro trimestre de 2020, o desempenho do índice foi de -36,86%. Recuperou boa parte dessa perda no trimestre seguinte, é verdade, mas quem precisou resgatar antes, por alguma razão, realizou uma perda importante que nunca será recuperada.

Atenção também às aplicações em títulos de renda fixa com carência, como as LCIs e as LCAs. Normalmente o resgate antecipado só pode ser feito após carência de 90 dias.

Planos de previdência que impõem carência de 60 dias entre um saque e outro, e aplicações em fundos de investimento que processam o resgate somente 30 ou 60 dias após o pedido, também são inadequados para investir o dinheiro da reserva financeira.

Marcia Dessen - planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.

Fonte: coluna jornal FSP

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