Ganhe mais sem correr mais risco


Muita gente investe seu dinheiro na tradicional conta-poupança. As razões que explicam essa preferência são muitas. Algumas não passam de lenda. A primeira lenda diz respeito ao risco. "Investir na Poupança é seguro!" Será? Depende do banco escolhido. Se o banco quebrar, cada cliente receberá até R$ 250 mil do FGC. Quem aplica mais do que isso entra na fila dos credores à espera de um milagre. Esse é o risco de crédito, mesmo risco presente em outras modalidades de depósito bancário: CDB, LCI, LCA, por exemplo.

A segunda lenda diz respeito à rentabilidade. A TR, que corrige os depósitos da poupança (além do juro de 0,5% ao mês), é um mistério. Muita gente acha que a TR repõe a perda da inflação e que, portanto, vale a pena deixar o dinheiro lá. Lamento informar que não é verdade. A fórmula da TR é complicada, pouco transparente e fica longe da inflação. Em 2015, por exemplo, a inflação medida pelo IPCA acumulou 10,7%, e a TR, 1,79%. Os juros de 6,17% ao ano pagos acima da TR foram insuficientes para cobrir a inflação e representaram, portanto, perda para o investidor.

SIMPLES

Lendas à parte, a poupança atrai pela simplicidade. A rentabilidade, embora baixa, é definida pelo
governo. É exatamente a mesma
para depósitos de R$ 100 ou de
R$ 1 milhão, não precisa negociar. Mas essa simplicidade custa caro. Quem ficou na poupança em 2015 ganhou 7,94%, quando poderia ter ganho cerca de 11,2% líquidos em outras aplicações financeiras, com o mesmo risco.

RENDA FIXA

No mesmo banco, mesmo risco de crédito, é possível aplicar em CDB (Certificado de Depósito Bancário). As diferenças entre o CDB e a poupança são três:

Prazo: a conta-poupança não tem vencimento e paga rendimentos enquanto o dinheiro ficar lá; o CDB tem vencimento e nessa data o dinheiro volta para a conta-corrente, sendo necessário renegociar a operação.

Rentabilidade: na poupança você ganha TR mais juro de 0,5%
ao mês, nem mais, nem menos. No CDB você ganha um percentual da taxa DI vigente. Quanto maiores o prazo e a quantidade de dinheiro, melhor tende a ser a rentabilidade. Um depósito de R$ 10 mil pode ganhar 85% da taxa DI, enquanto um depósito de R$ 100 mil pode ganhar 100% da taxa DI. Aprenda a negociar.

Imposto de Renda: os rendimentos da poupança são isentos do Imposto de Renda, enquanto os do CDB pagam entre 22,5% e 15%, conforme o prazo do depósito. Mas não se iluda; o fato de não pagar imposto não faz da poupança o melhor investimento. Dependendo da taxa, o retorno do CDB é melhor, mesmo pagando IR.

Quem tem saldo bancário mais polpudo deve cotar as operações em LCI ou LCA, também isentas de imposto. Mas não a qualquer preço. Se você recebe 85% da taxa DI, todo o benefício da isenção fiscal acaba ficando com o banco. Procure negociar entre 86% e 90% da taxa DI, taxa que distribui o benefício para ambos, de forma mais equilibrada. Acima de 90%, melhor ainda.

FUNDOS E PREVIDÊNCIA

No caso de fundos de investimento, procure pelo fundo referenciado DI que acompanha a taxa de juros vigente no mercado. E não pague acima de 1% de taxa de administração.

Plano de previdência tem outro nível de complexidade, exige maior conhecimento e uma sequência de escolhas pelas quais os agentes comerciais passam batido. Deixe para a fase dois.

Nem os fundos nem os planos de previdência contam com a garantia do FGC.

TESOURO DIRETO

Com o melhor risco de crédito do país e custo baixo, você pode comprar a Tesouro Selic (antiga LFT) e ganhar a taxa Selic cheia, sem negociar com ninguém. Se considerarmos corretagem de 0,5% ao ano e custódia de 0,3% ao ano, o investidor fica com 94% da taxa Selic. Depois de pagar IR de 15%, seu rendimento líquido se aproxima de 11,2% ao ano. Tenha esse rendimento líquido em mente na hora de negociar com seu banco. Por que se contentar com menos se é isso que você pode ganhar do Tesouro Nacional? 

Marcia Dessen -  planejadora financeira pessoal, diretora do IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros) e autora do livro "Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro" (Trevisan Editora, 2014).

Fonte: coluna no jornal FSP

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