Nenhuma ação é imune ao coronavírus


O risco sistemático atinge gregos e troianos, não deixa ninguém fora do seu alcance.

Você já reparou que, quando o índice que registra o preço médio das ações negociadas em Bolsa cai, muitas vozes se calam? Existe um verdadeiro apagão de informação, como se fosse proibido falar do assunto.

Mas basta uma reação positiva nos índices do mercado de ações para que diversos gurus ressurjam tentando nos convencer a investir nas ações que nos deixarão ricos. Não raro, nos fazem sentir um tanto quanto idiotas por não termos aproveitado para ganhar dinheiro na última alta.

Mesmo dando um desconto, ciente de que se trata de uma abordagem chamativa para atrair a atenção das pessoas, não é razoável, nem aceitável, induzir as pessoas a erro.

Nenhuma ação é imune aos efeitos provocados pela pandemia. Todas, sem exceção, foram afetadas e podem ser afetadas novamente, em razão do risco sistemático, que afeta o conjunto das ações
negociadas no mercado.

Contra o risco sistemático não há antídoto ou tratamento. Nem a diversificação, sabedoria antiga das nossas avós que diziam para não colocar os ovos em uma única cesta, consegue eliminar o risco de perdas quando o tal do risco sistemático acontece.

Ele, risco sistemático, normalmente originado por fatores macroeconômicos ou políticos, nacionais ou internacionais, também se apresenta em cenários de guerra, grandes conflitos e pandemias.

Algumas das aparições mais recentes do temido risco sistemático no mundo, nos últimos 30 anos, foram a crise dos gigantes asiáticos em 1997, o ataque terrorista às Torres Gêmeas na cidade de Nova York em 2001, a crise do “subprime” nos Estados Unidos em 2008, que provocou uma profunda e longa recessão, e agora, em 2020, a pandemia do coronavírus.

Outras aparições do risco sistemático tiveram alcance somente em terras brasilis: Plano Collor em 1990, desvalorização do real em 1999, a eleição do Lula em 2002 e o impeachment de dois presidentes são alguns exemplos.

Toda grande crise atinge os diversos setores da economia em maior ou menor escala. Algumas empresas conseguem se recuperar rapidamente do impacto provocado pelo risco sistemático, outras desaparecem ou levam anos Esse é o risco não sistemático que afeta diferentemente os setores econômicos. Alguns setores de serviços, como comércio, turismo, transporte aéreo, cultura e educação, foram profundamente impactados pela pandemia, em razão das restrições impostas pelas organizações de saúde.

Alguns setores, como agricultura, não foram afetados, e outros se beneficiaram com a crise. Empresas de streaming e entretenimento, fabricantes de produtos de higiene, laboratórios e serviço de entrega em domicílio são alguns exemplos.

Para esse risco, o não sistemático, existe antídoto: a diversificação. Compor uma carteira de ações diversificada ajuda o investidor a minimizar eventuais perdas. Uma carteira de ações bem estruturada, com baixa correlação entre elas, tende a assegurar uma rentabilidade média razoável quando o mercado se recupera.

Entretanto, essa rentabilidade potencial e específica só virá com o tempo, a curto, médio ou longo prazo, quando a extensão do estrago provocado pelo risco sistemático for entendida, avaliada e gerenciada, e as oportunidades, devidamente exploradas.

Não existe investimento sem risco, especialmente quando o fator de risco é novo e desconhecido, como agora. Os investidores experientes e de perfil agressivo conhecem bem essa história. Aos investidores novatos, muito cuidado e atenção.

Marcia Dessen planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.

Fonte: coluna jornal FSP

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