Carros elétricos assumem a liderança na Noruega


Cerca de 52% dos novos carros vendidos na Noruega, no ano passado, utilizam novos tipos de combustível.

 

As vendas de automóveis elétricos e híbridos na Noruega ultrapassaram, no ano passado, as de carros que utilizam combustíveis fósseis, consolidando a posição do país como líder global na ofensiva para conter as emissões dos automóveis.

A Noruega, uma importante exportadora de petróleo, pareceria uma campeã improvável na produção de veículos mais novos e mais limpos. Entretanto, o país oferece generosos incentivos à fabricação de carros elétricos mais baratos, e benefícios adicionais quando estes veículos começam a circular.

Vários países do mundo todo intensificaram a promoção de automóveis híbridos e elétricos. Enquanto a China tenta melhorar a qualidade do ar e domina uma nova tecnologia na fabricação de veículos, o governo chinês determinou que um em cada cinco carros vendidos deverá funcionar com combustíveis alternativos até 2025. França e Grã-Bretanha planejam acabar com a venda de automóveis a gasolina e diesel até 2040.

A Noruega está à frente do restante do mundo. Cerca de 52% dos novos carros vendidos no país no ano passado utilizam novas formas de combustível, segundo dados divulgados pelo Conselho de Assessoria do Trânsito nas Rodovias da Noruega, OFV. A proporção de carros a diesel, que eram considerados menos poluidores, mas agora estão chamando a atenção por suas emissões tóxicas, caiu consideravelmente.

“Esta tendência só deverá aumentar”, disse Oyvind Solberg Thorsen, diretor da OFV, em um documento. “Isso é bom tanto para a segurança nas estradas quanto para o meio ambiente”.

Embora, neste momento, os veículos elétricos constituam uma pequena parcela do mercado global, as indústrias — inclusive as do tipo da Tesla, que produzem apenas modelos elétricos, e gigantes como a Volkswagen — apostaram bilhões de dólares que, dentro em breve, estes veículos serão tão baratos e procurados quanto os convencionais. Os investimentos nas estações de recarga e em outra tecnologia relacionada aos veículos elétricos também estão crescendo.

A General Motors e a Ford Motor declararam que mudarão seu foco para se concentrarem nos modelos elétricos, enquanto fabricantes como a Volvo já começam a reduzir aos poucos a produção de motores a combustão interna, até encerrá-la definitivamente.

À medida que o mercado cresce, as fabricantes de carros elétricos enfrentam algumas dificuldades. A Tesla reduziu sua produção do Modelo 3, seu primeiro veículo para o mercado de massa. E uma crise nas vendas de automóveis em geral nos Estados Unidos poderia frear a expansão dos veículos elétricos.

A Noruega, que pretende reduzir aos poucos a fabricação de automóveis a diesel e a gasolina até 2025, oferece um exemplo em sentido contrário.

A decisão de adotar os carros elétricos no país foi acelerada pela concessão de elevados subsídios e de isenções fiscais pelo governo, tornando a tecnologia mais acessível. Além disso, as autoridades expandiram a rede nacional de estações de recarga.

Elas oferecem ainda aos motoristas de carros elétricos numerosos benefícios: estacionamentos mais baratos, o uso das faixas exclusivas de ônibus para o carro compartilhado nas horas de pico e isenção da maioria de pedágios rodoviários.

Como consequência, os carros elétricos — identificados por placas que começam pelas letras EL ou EK — já são um espetáculo comum.

Apesar do crescimento dos carros elétricos, os veículos e o apoio do governo não são amplamente populares. No ano passado, o governo conservador da Noruega propôs reduzir as diversas formas de isenções fiscais para os carros elétricos. Mas os planos atraíram críticas e não avançaram.

Para Adam Curylo, motorista de ônibus que mora perto de Oslo, os carros elétricos têm limitações. Ele comprou um carro elétrico Nissan Leaf porque significava que poderia evitar o pagamento dos pedágios. Mas ficou frustrado pela falta de pontos de recarga em áreas mais rurais. “Odeio esse carro — não é agradável e nem prático”, disse. “Só o temos porque é mais barato neste momento”.

“Os carros elétricos são apenas uma solução temporária”, Curylo acrescentou, “não são o futuro”.

Fonte: The New York Times

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