Generalizações
são redutoras. Induzem a uma percepção distorcida da verdade. Ontem mesmo,
publiquei um post baseado em pesquisas sobre o medo dos brasileiros
jovens ao tema futuro financeiro na terceira idade. Os números das
pesquisas são relevantes e levam a crer nessa distância abismal entre o jovem e
planos de longo prazo. Uma dessas pesquisa foi iniciativa da FenaPrevi.
As
pesquisas não estão erradas. Mas a realidade vai além delas. A própria FenaPrevi tem
outros dados para apresentar. Em 2016 a captação líquida dos fundos de
previdência já registra saldo positivo de mais de R$ 24,6 bilhões (clique aqui).
Ao
que tudo indica, uma série de fatores estão na base desses resultados. A
Reforma da Previdência Social que, no mínimo, tem o mérito de ter se
transformado em pauta para diferentes canais de Comunicação e chamado a atenção
da sociedade sobre a redução dos benefícios.
A Educação
Financeira e Previdenciária, iniciada em 2007/2008, ainda que tímida, tem
mostrado que há vida além da caderneta de poupança. Basta lembrar que nos
últimos dois anos foram registradas fugas recordes de recursos financeiros da
caderneta de poupança. Parte dessa fuga deve-se ao desemprego e ao
endividamento das famílias. Parte deve-se à conscientização dos poupadores
sobre investimentos com rentabilidades mais vantajosas e incentivos
tributários.
A
evolução das novas gerações
Diferente
da minha geração - que ouviu muito sobre o trauma e o fracasso dos montepios -
as futuras gerações terão melhores instrumentos em mãos para superar o medo e
criar outras soluções para o financiamento do futuro financeiro qualquer que
seja a idade.
É
evidente que a insegurança econômica continua, as relações de trabalho se
modificam, a justiça social e a distribuição de renda também precisam ser
permanentemente renegociadas. Entretanto, ao menos em uma questão há diferença.
Na informação! Nos recursos com que a informação é trabalhada para ser
compartilhada. Hoje, os meios de Comunicação se dedicam a fazer com que a
mensagem seja mais didática. Isso facilita e muito a troca de sentidos, a
revisão e ampliação - como estas que estou fazendo agora - de
interpretação. Fica mais fácil tomar decisões baseada em fatos e
evidências.
Acredito
que o conceito de longo prazo é o próximo passo nesse processo. Primeiro a
gente aprende a incorporar a instabilidade de um ambiente político-econômico
sujeito a influências locais e globais. Depois a gente aprende o equilíbrio
financeiro, a resistir ao consumo, aos impulsos e imediatismos. Finalmente, a
gente aprende sobre sustentabilidade. A gente incorpora o futuro nos planos. A
gente amadurece e encara a tal da longevidade com responsabilidade. Não,
não é só medo! A gente precisa aprender que encarar de frente o monstro de
baixo da cama pode ser uma experiência libertadora para toda a vida.
Eliane
Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação,
especialista em Gestão de Processos Comunicacionais e consultora de
comunicação, tem participado em projetos com a Suporte Educacional.
Fonte: blog da Eliane: www.elianemiragliablogspot.com.br