Posso dizer que fui para lá com 61 anos e voltei com 35; estudar rejuvenesce a gente
Tive a felicidade de estar em Harvard durante cerimônias de formatura deste ano. Foi uma das coisas mais emocionantes que já vi na minha vida. Lindo, lindo, lindo.
O belo gramado de Harvard estava repleto de inteligência, de sonhos e da grande ambição de mudar o mundo.
Todos os formandos vestidos na tradicional beca de Harvard portavam um globo terrestre feito de plástico para lembrá-los de que a universidade os preparou para serem líderes e transformarem o planeta.
Foi o que enfatizou a chanceler alemã, Angela Merkel, que, num discurso épico, aplaudido de pé, conclamou os estudantes a serem líderes do século 21 e a não terem medo do futuro.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, durante discurso em Harvard -
“Eu sei por experiência própria que as coisas não precisam permanecer como estão. Essa experiência, queridos formandos, é o primeiro pensamento que quero compartilhar com vocês: tudo o que parece escrito na pedra ou imutável pode de fato mudar”, disse a líder alemã.
Eu estava em Harvard fazendo o curso de OPM da Harvard Business School. O OPM (Owner/President Management), como já expliquei aqui, é o sumo dos programas de MBA de Harvard. São três semanas anuais, ao longo de três anos, estudando cases empresariais incríveis ensinados pelos melhores mestres do mundo.
Posso dizer que fui para lá com 61 anos e voltei com 35. Estudar rejuvenesce a gente. E eu sempre tive coração de estudante.
O curso é ministrado por professores que, além de sumidades globais no que ensinam, são comunicadores que poderiam estar apresentando programas em qualquer televisão do mundo. É a Harvard Show Business School. Profunda no conteúdo e leve na forma.
Linda Applegate, Ramon Casadesus-Masanell e Boris Groysberg são professores conhecidos no mundo inteiro, consultores pagos a preço de ouro e ouvidos por empresas globais. A cada aula, é visível o prazer que eles têm de ensinar e é visível nos rostos de cada um na sala de aula o imenso prazer de aprender.
São 160 pessoas de todas as partes do mundo, a maioria jovens de 35 anos como eu, pessoas que estão começando a vida como eu, cheios de sonhos como eu, seguindo Linda, Boris e Ramon, professores que, com uma energia inacreditável, dão a nós meninos instrumentos para compreendermos um futuro de inteligência artificial que nos exigirá uma inteligência não artificial.
Eu me formei em administração e comecei a trabalhar para valer no início da década de 1980. Tudo o que aprendi na escola e na minha profissão mudou e muito desde então. Só estou aqui hoje porque segui aprendendo e mudando.
O futuro é complexo demais para ser entendido sem estudar. Tem um amigo meu que tem uma frase extraordinária sobre esses nossos tempos atuais: se você está entendo o que está acontecendo, você não deve estar prestando atenção.
Na sua aula de encerramento, Linda Applegate nos conclamou a voltarmos às nossas empresas e mudarmos o mundo. E é isso o que pessoas de vinte e poucos anos como Tabata Amaral (que já estudou em Harvard) e eu temos que fazer: questionarmos o status quo, desafiarmos o senso comum e criarmos o que não havia antes.
Para quem estuda, a vida é uma startup. E é por isso que de Harvard saíram e sairão tantas startups para transformar as nossas vidas.
Harvard não ensina nem trabalha com modéstia. E desse berço do conhecimento e da ambição saio querendo mudar o mundo. Como nos ensinaram Linda, Boris e Ramon.
Nizan Guanaes - empreendedor, fundador do Grupo ABC
Fonte: coluna jornal FSP