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As famílias estão fazendo um esforço
brutal para dar conta das despesas nesta época de crise profunda. Quem não
controlava os gastos começou a fazer isso. Quem já tinha esse hábito saudável
está se aprimorando, procurando uma forma criativa de reduzir custos com o
menor impacto possível no padrão de vida.
O desafio vai muito do exercício matemático. É uma
oportunidade de repensar nossos valores, nossos sonhos e como queremos viver a
vida.
Rafael, por exemplo, tenta se refazer do susto que
levou quando se deu conta de quanto gasta por ano com a taxa de condomínio do
prédio onde mora. Uma pequena fortuna! Em cinco anos ou menos, o valor de um
carro ou a entrada para comprar o imóvel que ele tanto quer.
Ficou pensando com seus botões que, se morasse em
uma casa, fora de um condomínio, poderia economizar um bom dinheiro. Ao
compartilhar essa reflexão com a mulher, Mariana, novos questionamentos foram
trazidos por ela para enriquecer a reflexão.
Conseguiram focar e definir que os principais
fatores a considerar são: custo, segurança, liberdade e conveniência. E, como
não é uma decisão simples, decidiram fazer uma lista com as vantagens e
desvantagens de morar fora ou dentro de condomínio.
Segurança é, provavelmente, o principal fator de
decisão. Quem se sente vulnerável e desprotegido em uma casa, mesmo com
vizinhos por todos os lados, prefere um condomínio fechado, com acesso
controlado, vigilantes 24 horas por dia. E paga caro por isso; a equipe de
porteiros e vigilantes é o maior custo. O benefício desse custo elevado é, em
tese, proteção para os moradores. "Será que estamos mesmo seguros?",
ponderou Rafael, lembrando-se de inúmeros casos de invasão em condomínios,
normalmente desencadeados por negligência dos funcionários ou dos próprios
moradores.
Custo, aspecto que provocou a reflexão do casal,
está diretamente associado à segurança. Sabia que com o mesmo montante de
dinheiro você compra mais metros quadrados em casa do que em apartamento?
A lei da oferta e procura explica. Cerca de 70% das pessoas que procuram
imóveis para alugar ou comprar nas grandes cidades preferem condomínio fechado.
Se você prefere condomínio, prepare o seu orçamento
para essa realidade de mercado. O preço do m² dos apartamentos ou casas em
condomínios fechados é muito mais alto, seja para comprar, seja para alugar.
E, adicionalmente, pagará a taxa de condomínio, uma espécie de aluguel para o
resto da vida.
Os 30% dispostos a viver fora de condomínio podem
economizar no m² na hora de comprar ou alugar e se livram da taxa condominial.
Entretanto, terão despesas que não tinham antes, como segurança
privada, caso decidam contratar.
A conveniência dos condomínios é muito atraente.
Poder viajar tranquilo nos finais de semana ou férias sabendo que, quando
voltar, tudo estará na mais perfeita ordem. Porteiros para receber suas encomendas
e correspondência.
Abertura automática dos portões da garagem, gerador
no caso de falta de energia, entre outras mordomias.
Mariana lembrou que a piscina e aparelhos
disponíveis no prédio substituem a mensalidade do clube ou da academia fora do
condomínio. Rafael não discorda, mas, como não são usuários dessas áreas,
acabam pagando por uma coisa que não usam. Salão de festas é outro espaço
interessante que pode ser usado com custo baixo.
Liberdade é importante para você? Quer chegar em
casa e fazer o que bem entender, sem se preocupar com horários e regras? Usar
sua garagem para guardar suas tralhas, piscina de madrugada, bateria na sala de
estar, crianças brincando na grama com os animais de estimação? Fazer as
reformas que quiser, pintar e usar as paredes externas do seu jeito. Mariana e
Rafael adoram a ideia de ter um pouco mais de liberdade em uma casinha, com
jardim, e muito mais privacidade, um espaço só deles e de mais ninguém.
Viver em condomínio é um desafio. Paciência,
tolerância e aceitação são exercícios cotidianos. Viver em casa, libertador,
porém mais trabalhoso. O casal ainda não decidiu o que fazer, mas a conversa
foi longe e muito positiva. E você? Cogitaria morar fora de condomínio para
economizar uma grana?
Marcia Dessen - planejadora financeira
pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer
com Meu Dinheiro'
Fonte: coluna jornal FSP