Sim, ainda que de forma desigual, houve determinação para superar a morte prematura, para tornar a vida mais longa. Agora a população humana do planeta está envelhecendo mais rapidamente do que se poderia imaginar. Só que as tecnologias sociais para lidar com o fato ainda não estão desenvolvidas.
Sim, a Holanda tem - reconhecidamente - um dos melhores benefícios de aposentadoria do planeta. Ainda assim, não tem sido suficiente para compensar as situações de isolamento, depressão e troca intergeracional (clique aqui). Saúde emocional, saúde social e longevidade são processos interdependentes. E, para que sejam criadas novas tecnologias eficientes, é preciso reconhecer que há tanto a defasagem quanto a oportunidade.
Oportunidade para - por exemplo - levar os temas para as Universidades. Talvez esse movimento possa priorizar a abordagem intergeracional. A necessidade de troca simbólica entre PESSOAS de diferentes idades. Nada de "eu aprendo, você ensina". "Eu te estudo e te analiso e você é o objeto de pesquisa". Mas, eu conto, você conta. Só! Sem obrigações. Só fruição. Só CONVERSAÇÃO. Pode ser assistir a um filme juntos, comer pipoca e falar dos personagens, ou da trilha sonora.
Uma vez que o método seja construído e auferida sua efetividade. Tem que sair da universidade para as comunidades. Tem que ser algo barato que caiba em todos os orçamentos: das escolas públicas, das igrejas, dos templos, das associações de bairro, dos sindicatos. Ah, é! Qual o problema de os sindicatos terem uma função social junto dos aposentados da categoria?
O tempo não para! E é o recurso mais precioso da sociedade moderna
Era uma vez PESSOAS que se aposentavam com um pequeno horizonte de expectativa de vida. No Brasil, isso foi até mais ou menos a década de 1980. Portanto, todas as tecnologias financeiras desenvolvidas para tornar primeiramente dignos e, depois, mais aprazíveis os 20 anos de vida no pós-laboral eram suficientes.
Só que, depois de 1980 as coisas mudaram loucamente! Hoje, o benefício previdenciário oficial é insuficiente. A poupança previdenciária complementar também. Então, é preciso aumentar a Educação Previdenciária, para que atitudes mais conscientes e coerentes sejam fato para que, assim como a vida, a aposentadoria programada possa durar mais do que 20 anos no pós carreira. É bom lembrar que 20 anos no pós-carreira do século 21 é só a primeira etapa do processo. Além disso, o modelo de planos de aposentadoria complementar hoje é majoritariamente de Contribuição Definida. Portanto não contempla benefício vitalício.
A Finlândia, por exemplo, está revendo sua política de concessão de aposentadoria. Até 2025 vai fazer adequações na idade mínima para solicitação do benefício (clique aqui e leia mais no artigo Parceiros sociais acertam detalhes da reforma previdenciária finladesa). Trata-se de uma decisão realista, ainda que incômoda. Afinal, apesar de fato, a longevidade ainda não está naturalizada no planeta.
Por ser impopular, a reforma previdenciária no Brasil tem sido adiada sistematicamente. Quem perde é a sociedade. Porque há risco dos mais jovens não terem benefícios garantidos quando forem se aposentar. A questão é clara, didática e detalhadamente apresentada por Sílvio Renato Rangel Silveira no livro Previdência Social na Sociedade de Risco - o desafio da solidariedade com sustentabilidade.
Vou encerrar esta reflexão com dois vídeos:
O primeiro trata do resultado de uma experiência norteamericana de inclusão digital e troca intergeracional. Os desafios têm solução. Basta um pouco de disposição para criá-las.
http://www.youtube.com/watch?v=bemDf6wuHJ0
No segundo, TED de Max Petrucci, que revela: "a gente não sabe nada de terceira idade".
http://www.youtube.com/watch?v=D-PTQ3ZTtrg
Eliane Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação (ECA/USP), desde 1991 atua no segmento de Previdência Complementar, consultora da Suporte, é autora do blogue Conversação.
(http://elianemiraglia.blogspot.com.br