O
que Raul cantava como preferência nos anos 1970 tornou-se obrigação nos 2020.
Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter
aquela velha opinião formada sobre tudo.
O que Raul cantava como preferência nos anos 1970
tornou-se obrigação nos anos 2020.
Isso vale para as pessoas e isso vale para as empresas.
Sua capacidade de mudar é o maior seguro contra sua capacidade de ficar para
trás.
As empresas mais valiosas do mundo são empresas de
tecnologia, e elas têm o DNA da mudança. Facebook, Google, Apple, Amazon
investem bilhões e bilhões e bilhões de dólares todos os anos na busca de novas
tecnologias (e na aquisição de rivais inovadoras).
O melhor momento para inovar é quando as coisas estão indo bem. O maior freio à inovação é a complacência. A estratégia mais
importante da sua empresa é a estratégia de mudança, é ela que garante o
futuro. Alguém grande na empresa precisa focar isso, mas não o fundador ou o
presidente-executivo, por mais brilhantes que sejam.
O apego ao que está dando certo é natural, mas
limitante. E é melhor que a disrupção ocorra dentro da sua empresa do que fora
dela.
Isso vale para as empresas, isso vale para as pessoas.
Vivemos vidas cada vez mais longas, que exigirão transformações pessoais.
Antes, uma pessoa com 50 anos começava a planejar sua aposentadoria. Hoje, ela
precisa planejar sua vida profissional para a segunda metade da sua vida. É
preciso se preparar para ter várias vidas e várias atividades. E é normal se
assustar com isso.
O Abilio Diniz fez 80 anos e organizou uma festa para
falar de longevidade com qualidade. Ele reuniu os melhores do mundo em saúde,
alimentação, atividade física. Um cientista barbudo subiu ao palco e disse que
naquele momento estava nascendo um ser humano que não vai morrer. Ele será como
um carro, que troca as peças e segue rodando.
Por isso voltei a estudar em Harvard. Se não dá para ter
cabeça e disposição de 20 anos, dá para aprender como eles pensam. E agregar a
minha vasta experiência, que isso não tem Mastercard que compre.
Eu já estou na minha quarta vida. Entrei na publicidade
como redator. Naquele tempo a Bahia já era muito criativa, mas atrasada como
mercado publicitário. A melhor ideia da minha vida foi vir morar em São Paulo.
Quando cheguei aqui, todos os publicitários eram chiques. Só falavam em Nova
York, Londres, e queriam fazer coisas superinteligentes.
Eu me posicionei diferente: vou falar do Brasil, para o
Brasil. E falar o óbvio, demonstrar as coisas boas do produto. Duas agências
eram ícones naquele tempo, a W/GGK, do mestre Washington Olivetto, e a Talent,
do mestre Júlio Ribeiro. Uma era criação, a outra era planejamento. Eu,
pretensiosamente, quis ser a W/GGK Talent, juntando as duas. Deu tão certo que
vendi muito bem a minha agência.
Saí por contrato da publicidade e fundei o iG, numa
época em que as pessoas perguntavam: "Mas, Nizan, esse negócio de internet
vai dar certo?".
Do iG, voltei à publicidade e criei com meus sócios um
dos maiores grupos de comunicação do mundo. Deu tão certo que vendi muito bem o
meu grupo.
Agora tenho uma empresa de estratégia, porque, num mundo
em transformação acelerada, a estratégia mapeia os caminhos. Mas quero ter
poucos clientes porque é preciso tempo para estudar e viajar, tempo para me
informar, senão você é que fica para trás.
Meu pai era ascensorista quando conheceu minha mãe. Ele
tinha um livro no colo, e ela perguntou o que ele estava lendo. Ele respondeu
que estava estudando medicina. Ele sabia que a educação é o ascensorista da
vida. Virou médico de sucesso e, com minha mãe engenheira, criou os filhos com
retidão, educação e cultura.
O que você está aprendendo para a sua próxima vida?
Nizan
Guanaes - empreendedor, criador da N
Ideias.
Fonte:
coluna jornal FSP