De repente, você acorda. E pode
acordar ainda estando empregado, mas perceber que o mundo ao seu redor não é
mais o mesmo, que processos precisam ser revistos; orçamentos, adequados;
projetos, reestruturados.
Perceber que você carece de
atualização, pois as demandas em relação às suas atividades mudaram mais rápido
do que sua capacidade de se reciclar.
Ou, outro cenário: você acorda
e está desempregado, e se dá conta, fazendo uma rápida leitura das vagas às
quais você se candidataria, que é especialista demais numa determinada área. Ou
generalista em excesso.
Percebe que as suas
competências, arduamente conquistadas, servem quase exclusivamente para a
empresa que você deixou ou da qual foi demitido!
A boa notícia, nos dois
cenários, é que você acordou. Acordar para a vida, nesse sentido, quer dizer se
apropriar de suas fragilidades, da falta de competências para novas demandas de
mercado e se posicionar. O que parece um duro golpe de realidade pode servir
para fazer o rumo da vida profissional ser diferente. As atitudes diante dessa
realidade podem ser:
1) agir com entusiasmo para
resgatar o tempo perdido e olhar para o mercado como um parque repleto de
possíveis oportunidades;
2) deixar-se tomar pelo
desânimo porque tem muito a conquistar e muitos desafios a superar, e não é
fácil recuperar tanto atraso.
Sem dúvida, ao se dar conta de
que não investiu em requalificação, você pode imaginar que não haja mais tempo.
Sugiro identificar as suas melhores qualidades –todos têm, acredite nisso– para
buscar alternativas produtivas para se manter ativo, mesmo que isso implique em
ruptura com a carreira anterior.
Além disso, é oportuno fazer um
balanço sincero sobre o que você realmente sabe, gosta e quer fazer para viver.
Aproveite o momento de tomada de consciência para identificar quais são os seus
valores, o que de fato te motiva nas relações de trabalho e quais são seus
projetos de vida. Mercado recessivo não é mercado sem oportunidades, mas um
lugar com ofertas diferentes daquelas que você estava habituado a olhar e isso
exige sair do piloto automático.
Adriana Gomes – mestre em psicologia,
coordena o Núcleo e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM
Fonte: coluna no jornal Folha de São Paulo