A
economia da longevidade e seu ecossistema
A economia da longevidade vai
remodelar o sistema financeiro global e causar (dis)ruptura nos modelos de
negócio dos fundos de pensão, companhias de seguros, bancos de investimentos e
economias de países inteiros. Ela não passa apenas pelo sistema financeiro.
Envolve um verdadeiro ecossistema com
vários segmentos e subsetores e fará convergir áreas hoje distintas, como
medicina e finanças.
Nunca a história humana viu surgir
uma economia tão abrangente e intrincada quanto a economia da
longevidade. Uma economia multisetorial, interdisciplinar, conectando dimensões
em um nível sem precedentes.
Orbitam e se interconectam nesse
ecossistema de extrema abrangência, centenas de iniciativas, indústrias,
domínios de ciência e tecnologia.
Envolve áreas como biotecnologia,
biomedicina, gerociência (estudo do envelhecimento), medicina preventiva,
bancos, fintechs, healthechs, insuretechs, agetchs, wealthtechs, neobanks, challenger
banks sistemas de previdência, políticas governamentais ...
Seu alto nível de complexidade
representa um risco substancial para os atuais modelos de negócios – fundos de
pensão incluídos – porque dificulta de maneira significativa a habilidade das
organizações, investidores e mesmo governos em antecipar desafios e identificar
oportunidades.
Entender e transformar em iniciativas
inovadoras a esmagadora e complexa quantidade de informações dessa nova
economia, pode parecer algo intransponível. Porem, as mesmas ferramentas que
permitiram o progresso em outros setores de alta complexidade – análises
quantitativas, big data, inteligência artificial - podem ser
acessadas e adaptadas para permitir uma compreensão mais profunda da economia
da longevidade e para modelagem de soluções.
Ciência
do envelhecimento
Compreender e gerenciar o
envelhecimento é algo crucial para a economia da longevidade. Não
por acaso, as pesquisas e desenvolvimentos na área da ciência do
envelhecimento, a “gerociência”, possuem um papel preponderante nesse
ecossistema. Os avanços da biomedicina e biotecnologia começam a nos permitir
entender os mecanismos subjacentes ao envelhecimento biológico. Isso está
levando ao desenvolvimento de terapias que agem diretamente sobre esses
mecanismos para reduzir o processo biológico do envelhecimento na sua fonte. A
biotecnologia e a biomedicina estão na vanguarda dos avanços na ciência do
envelhecimento.
A medicina será personalizada,
precisa, preventiva e participativa (conhecida como Medicina P4 ou P4
Medicine) e se afastará da abordagem atual baseada no tratamento e cura
padronizados aplicadas de modo massificado e indistinto depois que a doença se
instalou. Ao invés de medicamentos bem-sucedidos mundialmente, serão utilizadas
drogas cada vez mais personalizadas, que agirão com precisão para tratar sob
medida pacientes e casos individuais com base na idade, gênero, etnia, genética
e estado de saúde.
Essas e outros tecnologias, a
“medicina de precisão” (precision medicine) e a “medicina regenerativa”
(regenerative medicine) vêm sendo desenvolvida em vários lugares, mas
principalmente numa região chamada de BioValley ou Longevity
Valley.
Um enclave que se expande ao longo da Alemanha, França e Suíça,
abrigando as mais avançadas instituições de pesquisa cientifica nas áreas de
biotecnologia e biomedicina, como a Universidade da Basileia, o Instituto Max
Planck e a Universidade de Freiburg.
Na economia da longevidade, o
prolongamento a vida será indissociável das soluções da área financeira e esses
setores caminharão juntos. Vislumbramos uma intersecção entre longevidade e
finanças.
Na quinta parte do artigo falaremos
das AgeTechs e WealthTechs que compõem
o ecossistema da longevidade. Fique ligado, acompanhe, questione,
comente.