O Natal é logo ali; que tal comprar um shopping?
Papéis
dos shoppings nunca se recuperaram de 2020; enquanto as redes passam por bons
momentos.
O Natal é logo ali. Lojas cheias, casas enfeitadas
e aquela longa fatura do cartão de crédito nos esperam na esquina.
Ir ao
shopping fazer suas compras está parecendo cada vez mais
difícil, mas talvez seja o momento de pensar em comprar o shopping em si. Ou
pelo menos um pedaço dele.
Conversei, nos últimos dias, com gestores de
diferentes fundos imobiliários. E a constatação é que os papéis dos shoppings
nunca se recuperaram do caos que derrubou todo o mercado lá em 2020. Enquanto
suas redes, na vida real, passam por bons momentos.
Realmente, se olharmos os gráficos, é bem simples
de constatar: o Ibovespa vale, hoje, em meio às intempéries da troca
presidencial, 5% a menos do que pontuava no começo de 2020, antes da pandemia.
Já as principais ações de shopping-centers estão bem
abaixo disso.
Em relação a janeiro de 2020, as ações da Aliansce
Sonae (ALSO3) custam 65% a menos; enquanto as da BR Malls (BRML3) estão cerca
de 55% mais baratas; os papéis da Multiplan (MULT3) são negociados a coisa de
30% a menos; enquanto os da rede Iguatemi (IGTI11) se desvalorizaram cerca de
10%.
Não se pode negar que anos convivendo com a
Covid-19 dificultaram a vida e a lucratividade dos shopping centers.
Mas veja
bem: os resultados apresentados por essas empresas neste último trimestre foram
bastante comemorados. Todas bem melhor do que no mesmo período do ano passado.
Em relação a 2020, nem se fala.
Se você, assim como eu, não é um grande
frequentador, vou te contar: é muito difícil ver lojas vazias nos shoppings dos
grandes centros. Os números refletem isso. As receitas com aluguel vão muito
bem, obrigado.
E os donos do negócio repararam na oportunidade
de negociar a preços baixos. Nesta semana foi
aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a megafusão
entre Alliansce Sonae e BR Malls.
A empresa que vai resultar disso terá cerca
de 70 shoppings em seu portfólio, com o valor de mercado estimado perto dos R$
12 bilhões.
As avaliações do novo negócio foram otimistas. XP,
Genial Investimentos e a casa de análise Levante manifestaram boas
perspectivas.
Os analistas do BTG Pactual recomendam as compras das ações ALSO3
com o preço-alvo de R$ 41. Hoje, elas custam cerca de R$ 17.
Mas nem só de ações vive o setor. Os shoppings são
bastante procurados por quem quer uma carteira de investimentos com a chamada
"renda passiva", ou seja, dividendos caindo na conta com constância.
Nesse caso, através dos fundos imobiliários (FIIs).
Os FIIs de shoppings têm um detalhe interessante:
uma parte do que pagam a seus cotistas está atrelada ao faturamento das lojas
(pois nem só de aluguel vive um shopping).
Assim, são diretamente expostos à atividade
econômica. E às vésperas do Natal ela costuma ser mais intensa, obviamente.
Recentemente, analistas da XP afirmaram que os
descontos atuais nos preços dos fundos do setor apresentam boas oportunidades
para os investidores orientados ao médio e longo prazo.
Ligando os pontos, se 10 entre 10 economistas
preveem que o novo governo do PT deverá incentivar o consumo, ao passo que existem
investimentos que estão considerados abaixo do preço justo e podem dar bons
resultados a partir desse incentivo, é uma boa hora para avaliar oportunidades
no mercado.
E talvez ir às compras de um jeito diferente nesta véspera de
Natal.
MARCOS DE VASCONCELLOS - jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor
do Mercado