Investimento
em reais mantém o poder de compra em moeda estrangeira
Está planejando sua próxima viagem? Com a cotação dodólar nas alturas, deve estar arrependido de não ter comprado antes,
não é mesmo? Não temos controle sobre o preço da moeda estrangeira, mas podemos
investir, aqui no Brasil, para evitar o risco da valorização da moeda
estrangeira investindo em um fundo cambial.
Aplicar o dinheiro na poupança, Tesouro Selic ou fundo
DI, por exemplo, não é uma boa ideia. A rentabilidade pode até ser maior do que
a variação cambial, mas não garante o poder de comprar a quantidade da
moeda estrangeira necessária.
Suponha que sua próxima viagem será daqui a dois anos e
deve custar US$ 10 mil, equivalente a R$ 40 mil ao câmbio atual. Se você
investir mensalmente R$ 1.573 pelos próximos 24 meses, com juros líquidos de
0,5% ao mês, terá os R$ 40 mi
O problema é que você não vai utilizar reais para pagar
passagens, hospedagem e outras despesas, já que tudo será pago em moeda
estrangeira.
Se daqui a 2 anos a taxa de câmbio cair para R$ 3,00
você poderá comprar mais de US$ 13 mil (beleza!). Entretanto, se a taxa de
câmbio subir para R$ 5,00 você comprará apenas US$ 8.000 (insuficiente).
Aplicar o dinheiro em um fundo cambial funciona. A
estratégia de investimento desses fundos é acompanhar a variação cambial entre
duas moedas. A ideia não é ganhar mais do que a variação da taxa Selic, ou taxa
DI ou mesmo da inflação.
O objetivo aqui é preservar o poder de compra na moeda
estrangeira. A rentabilidade é variável e pode até ser negativa em alguns
períodos; ignore.
Suponha um fundo aderente à variação cambial. A taxa de
câmbio na data inicial é de R$ 4,00/USD e você deposita R$ 20 mil, equivalente
a US$ 5.000. A tabela simula dois cenários hipotéticos de valorização e
desvalorização da moeda e, consequentemente, da rentabilidade do fundo.
Observe que nos cenários apresentados, sua quantidade de
reais diminui ou aumenta 25%, mas o valor equivalente em dólares se mantém.
Embora a proteção não seja perfeita, como sugere a
tabela, espera-se que ao final de determinado prazo, você terá quantidade de
reais suficiente para comprar os dólares para sua viagem. Os principais fatores
que impedem a aderência perfeita do fundo à variação da moeda são os custos do
fundo e o imposto de renda que será pago sobre a valorização do fundo, se
houver.
Aplicações e resgates são feitos em reais. Leia a lâmina
antes de investir e verifique se a estratégia do fundo acompanha a variação
da moeda estrangeira. Se o seu planejamento indica necessidade de acumular
US$ 500 por mês, multiplique pela taxa de cambio vigente e aplique no
fundo.
Exemplo: aplique R$ 2.000 se a cotação da moeda for de
R$ 4,00/USD ou R$ 1.750 se a cotação for de R$ 3,50/USD.
Não se assuste com eventual rentabilidade negativa ao
longo do tempo. A quantidade de moeda local cai quando a taxa de câmbio fica
mais barata, mas o poder de compra na moeda estrangeira se mantém. Você
comprará a mesma quantidade de moeda estrangeira com menor quantidade de moeda
local. Boa viagem!
Marcia Dessen - planejadora financeira, autora de “Finanças Pessoais:
O Que Fazer com Meu Dinheiro.
Fonte: coluna jornal FSP